EU E AS ELEIÇÕES II
Já tinha sido convocado antes, mas quando entrei para o serviço público em 1990, a convocação para trabalhar nas eleições se tornaram frequentes.
Como o meu cargo era muito próximo dos juízes, eu e colegas meus do mesmo cargo, normalmente eramos designados para a função qual não sei como seria correto chamá-la. Éramos os representantes imediatos dos juízes eleitorais nos locais de votação. Cabia a nós, resolver ou encaminhar qualquer emergência para o Juiz eleitoral decidir.
Nas eleições municipais de 2008, com a chegada de Juiz novo na comarca e tendo ele sido o Juiz eleitoral, fez uma mudança um tanto radical. Atendeu a inúmeros pedidos de dispensa, feita por mesários que estavam cansados de tantas convocações seguidas, e com essas mudanças nos colocou para sermos mesários. Fui então vice presidente de seção em 2008, e presidente de uma mesma seção em 2010 e 2012.
A seção que presidi era muito complicada, pois além de ter muitos eleitores a predominância de idosos era descomunal.
Na eleição de 2010, na votação do primeiro turno aconteceram diversos fatos, desde muito cômicos a ponto de termos de nos controlar para não gargalhar, como tão estressantes de quase nos tirar o equilíbrio.
O fato estressante que mais marcou aconteceu já quase no final da votação. Um senhor idoso, um tanto nervoso entrou na seção declarando que somente estava lá para votar no José Serra para presidente. Liberei a urna para ele votar e aí começou o desespero do homem. Para chegar ao voto que ele queria dar, teria que votar para deputado estadual, federal, duas vezes para senador e ainda para governador. Ele queria que alguém o ensinasse e nós não éramos autorizados a ensinar as pessoas a votar para não haver nenhum questionamento sobre indução ao voto.
O tempo passando, uma fila de pessoas nervosas esperando pra votar, o homem nervoso pois não sabia o que fazer com a urna eletrônica ali na frente dele. Ele quase aos gritos dizia que não queria votar em mais ninguém, só no José Serra para presidente. Então, lá da minha mesa eu disse que escolhesse um número e apertasse a tecla verde e assim ele foi fazendo com muito custo até chegar no voto para presidente quando insistentemente queria que eu dissesse a ele como ele votaria no candidato da sua pretensão, eu disse a ele que digitasse o número do candidato e apertasse o verde e ele saiu bravo dizendo que tinha errado que eu era o culpado do seu erro. Fiquei aliviado porque a urna finalmente estava liberada, não me preocupei com as maledicências daquele velho senhor. Na votação do segundo turno, que era muito mais fácil, fiquei esperando o momento de encará-lo novamente, deu a hora do encerramento e ele não apareceu.