Meu eu na Pandemia
Minhas noites estão diferentes há algum tempo. Sinto que minha alma transcendeu meu corpo, e não precisei de ninguém apontando defeitos para eu identificá-los em mim. Tenho convivido tanto tempo comigo, vivido o que me convém que; Claramente posso identificar o que é verdadeiro em mim. Não as teorias que contavam-me, não os julgamentos abstratos que tanto roubavam minhas certezas do que sou. Sentado na varando dos meus pensamentos, a calmaria do mundo neste exato momento, permite-me ouvir minhas personalidades com muita clareza e, até mesmo entendê-las. Cada uma delas desempenha uma função magistral, para manter-me com um bom nível de sanidade, ante aos tantos confrontos cotidianos.
Como não atentei-me antes para beleza da imensidão deste céu majestoso? Contemplo tanta luz em mim, e o caso é que a fadiga e o cansaço da convivência social cegam-nos, a ponto de nos fazer sentir-se ESCURIDÃO ABSOLUTA.
Eu vejo um paraíso inefável nas limitações do meu temperamento. Aliás, compreendo enfim os meus desertos, são necessários, são importantes, são essenciais para que os jardins da minh'alma não sejam pisoteados. São os "malditos" desertos que mantém longe da minha essência, aqueles que consciente ou inconscientemente, surgem para SAQUEAR meus intentos e sonhos.
Há constelações infinitas de alegria em meu olhar, e por milhares de motivos elas brilham, mas hoje brilharam exclusivamente para mim, para o meu viver, meu ser e, meu estar... É possível que em breve alguma tempestade repentina, encubra este céu estrelado que agora vejo, todavia haverá sempre um firmamento ensolarado e, ou estrelado.
Mesmo que não haja, ainda pode-se em tese, brincar na chuva...
(Hámilson Carf)