DÚVIDA E FÉ.

Quem não tem dúvida não questiona, quem não indaga nada aprende, faltam as vestes da curiosidade que abre portas. Nada se responde àquele que nada busca. São logicidades da mecânica do aprendizado. As dificuldades são resolvidas pelos auxílios convencionais.

Este o grande credo, duvidar, o próprio Cristo, Filho de Deus encarnado em Jesus de Nazaré, deixou como escola pelo arbítrio o veículo da dúvida. E pendendo da Cruz clamou pelo Pai, “ Abba, por que me abandonastes?”. Não duvidava do Pai, mas clamava por Sua presença.

No livre arbítrio conduzido pela escolha avalia-se, e a escolha elege caminhos, transita porém por várias passagens até a eleição, e antes duvida, negaceia, recua, questiona, argumenta, pergunta, apara arestas, pesquisa, enfim, tenta avançar e o faz, máxima ou minimamente, duvidando.

Aquele que deixou raízes didáticas no que foi ensinado aos grandes movimentos libertários, que dignificaram o homem, a revolução francesa e outros da mesma linha, legislações das nações civilizadas, pontificaram antes da construção crítica pela dúvida.

Só a crítica alimentada pela dúvida avança.

São dois mil anos de regras inspiradas em Quem nenhuma regra escreveu, somente oralmente ensinou e mostrou o caminho a escolher mediante arbítrio, cimentado pela dúvida a escolha, Jesus de Nazaré, o Cristo.

Se nosso sentimento apenas quer crer, sem nenhuma vontade de explicar materialmente a transcendência, por ser impossível, já nos basta. Se nos sentimos bem por procurar o bem ensinado e o seguir, universalidades irrecusáveis, que acalmam a alma e pacificam convívios, e se fosse só isso, já seria muito, se só tanto nos restasse. O quê mais importa?

Eu creio em uma Lei Moral refletida em todas as normas maiores exaradas nas grandes convenções humanas máximas.

E se nessa Lei Moral creio, creio em Quem a ensinou; Jesus de Nazaré, O Ungido. E isso veio do nada? Não, veio de tal grau de consciência de fortuna espiritual que nada se pode opor. A balança humana, o bem e o mal. Quem abraça o mal está bem? Está leve, precisa fugir de si e de suas obras, ou as festeja junto aos outros?

Quem vive somente o bem sempre estará bem, se sente abençoado na aflição, pode se dirigir a Jesus como um justo.

Me faz bem viver sob essa crença, na leveza da consciência. A escolha foi contingente, após a dúvida.

A dúvida faz a escolha, a escolha faz a fé, mas se o sentimento está visceralmente ligado ao que é bom e submetido à Lei Moral de Jesus de Nazaré, Ele, Jesus de Nazaré, o Cristo histórico, é a prova que nem eu e nem ninguém precisa de nada mais para continuar a ter fé na fraternidade, na bondade, na recusa aos desvios que comprometem nossa consciência. E a Igreja, instituição humana, necessita da fé, a fé de nada necessita, só de fervor e entrega.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 13/11/2020
Código do texto: T7110727
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