O silêncio
Frio e escuro era o mundo, não tão frio nem tão escuro.
Era apenas o mundo! Era verde, não tão verde, mas era!
Não tão frio, mas era!
Não tinha som!
Então comecei a prestar atenção num vento que soprava deliciosamente na minha direção!
Espera aí, mas que vento é esse sem som?
Ele arrepiava a alma! Entrava por baixo das calçass e subia por debaixo de uma camisa única de cor única, o vento terminava na túnica a qual era a única que eu tinha.
Depois desse dia, outros se sucederam e tornou-se mania aquela roupa pairando no meu corpo cheia de ar, mal tocava a pele, o vento é que me abraçava.
Um dia me preparei para pegá-lo, para prender aquilo que me fazia tão bem.
Na primeira oportunidade que tive, assim que o vento entrou por baixo das vestes, eu abracei!
No que abracei, ele saiu com força pelas mangas da camisa.
Aí que entendi! Aquele vento não poderia ser preso!
Só com ele livre eu poderia sentir o seu toque novamente.
Quando eu abria os braços e era abraçado por ele, o verde era de um tom tão verde que nem sei se existe em alguma aquarela por aí.
E o frio, era aquela brisa gostosa! Daquela de ficar fazendo nada na beira da praia. Só estar lá... Sem compromisso, só estando.
Quando a primeira onda chegou, chegou inundando tudo.
Foi quando eu ouvindo seu som pela primeira vez.
Era confusa! A inda ia e vinha sem parar, sem dar nenhuma chance! Ela crescia e passavam por cima de mim, até gostava!
Mas quando ela voltava, me arrastava pra o fundo, e isso era pavoroso.
Hoje estou aqui sentado, olhando pra o nada e decidindo. Se eu volto pra onde o verde era verde, mas não tão verde...
Onde era frio, mas não era tão frio...
Ou se tento me equilibrar nessa onda que me desafia mais e mais.
São Paulo, décimo segundo dia do penúltimo mês de 2020, ano de nosso senhor Jesus Cristo.
Laudo Costa.