PANDEMIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Estive olhando algumas fotos minhas no decorrer da angustiosa pandemia e, conscientemente, vejo quanto ela me abalou.

Hoje percebo o estrago emocional que me foi feito e que, por mais que eu tentasse bloquear os balaços que me eram atirados de todos os lados, eles me atingiam em cheio.

Descobri que os atiradores são cruéis e que, a cada tiro, roubaram-me um pedaço do meu quinhão, ou seja, a alegria de cada amanhecer.

Todos os dias mostravam-me covas abertas e eu me perguntava: quem irá para dentro delas hoje?

Sofri as dores de me sentir o alvo entre o bandido e o mocinho da mais infame fita mexicana, em que os atiradores matam sorrindo.

Vejo, hoje, os estragos que suas armas fizeram em meu peito e em minha mente. Foram minando o meu terreno e eu já não sabia onde pisar.

Surgiram-me novas rugas sob a neve desconhecida dos cabelos. Eu já não me importava com ser menos ou mais feia.

O vírus é terrível, sem dúvida, a maldade humana, entretanto, escondida sob pretensos avisos de bondade, é pior.

Descobri, enfim, que a morte virá de alguma forma, atropelada por ebolas, zikas, trombos, infartos, AVCs, trens, fomes, ou engasgos.

Descobri que o que mais corrói vidas é a maldade e esta correu solta no lombo do cavalo encilhado pelos menos interessados em que você e eu vivamos.

As fotos horríveis do meu sorriso amarelo deste ano eu apagarei, aprenderei a conviver com o risco iminente do corona entre nós.

Eis a lição: a humanidade é absurdamente frágil, a maldade tem armas poderosas, e "quem sabe menos das coisas sabe muito mais que eu..."

Dalva Molina Mansano

11.11.20

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 12/11/2020
Código do texto: T7109721
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