UM DEPOIMENTO
Um depoimento
Durante esse tempo de recolhimento intensifiquei algumas práticas e leituras que poderiam me ajudar, conforme o que aprendo na Nova Acrópole, agrego reflexões, sobretudo, nessa estação de vida.
Início uma jornada fincada em novos propósitos. Revi projetos e iniciei outros mais seletivos do ponto de vista da aplicação filosófica. O que essa afirmação de objetivos significa hoje? Para mim, um arrojado caminho ao interior de mim mesma. Olhar com profundidade. Conhecer a Regina, nas suas mais densas emoções! De certa forma esse caminho é complexo, então, crio um movimento para frente, um ousado percurso interior. Faço ainda esse trajeto com alegria e esperança. Viver é muito bom!
Começo a fazer relação com as novas leituras? As aulas, as conversas, os encontros, as pessoas? Tudo difere de outras experiências!
Iniciei a participação em leituras comentadas de Sêneca, de Baghava Guita, Epiteto, escutas diversificadas, aprendendo a ter um olhar diferenciado sobre a vida. Não penso que o escorrego não acontece. Sim, as vezes derrapo nas minhas imprudências e defeitos. Mas há uma diferença! Olho com a consciência aberta à apreciação das atitudes, dos pensamentos, das ações na perspectiva da mudança, da transformação.
O que posso dizer para as pessoas que, como eu, estão a buscar significados nesse ciclo da vida? O tempo do envelhecimento! Cada um procura responder à sua maneira. Envelhecer é natural! Procuro manter uma curiosidade não só epistemológica, mas a busca da essência, uma bisbilhotice! Alguma forma de encarar essa etapa de vida com serenidade e energia vital. Penso em Sêneca, quando se refere à qualidade filosófica de vida: “Não é um bem o viver mas o viver com retidão”. Seguir o caminho do es toicismo: cumprir a reta ação. Além disso, gosto da alegria, do riso solto, de gargalhar com os amigos e tento controlar minha personalidade forjada nas experiências de vida.
Hoje, adequo meu cotidiano realizando meditações, exercícios, ouvindo música. Tudo revirou a vida! Busco a mim mesma e tenho encontrado alternativas nos bons livros, na poesia, na arte, um alento para alma. A beleza poética me instiga à prática das virtudes, das boas atitudes, me enleva e com leveza toco com as pontas dos dedos os meus sonhos, fluindo a imaginação. Assim estou a caminhar...
E o que tenho encontrado? Embora esteja a perscrutar minha realidade, as vezes fico atordoada com as dúvidas, as interrogações. A cada momento as questões assolam a mente. Chego à conclusão às vezes, que as respostas estão em nós mesmos. Hoje compreendo! Criar robustez interior, falam os mestres!
Postei uma vez uma frase “o conhecimento do homem passa pelo conhecimento de si mesmo. Está tudo em você”. Gostei. Encaro então a vida como uma construção de mim mesma, seguindo as máximas filosóficas. Não é fácil ressignificá-la, mudar os hábitos, desconstruir conceitos. Todavia encontro serenidade e felizes circunstancias no hoje.
Nesse período da vida abrimos com frequência as gavetas do tempo, e nessa abertura preciso de cuidados para não escancarar lembranças maravilhosas dos diferentes ciclos que vivi, atenção rigorosa impedindo uma ancoragem no passado, perdendo de vista, o precioso tempo do presente. Volto e digo a mim. Um dia de cada vez. Viver no agora em contato com o meu interior, suas perguntas sutis, praticando o bem, a generosidade. Talvez seja uma das chaves para o autoconhecimento e a alegria de viver.
Assim, compreendo o que significar envelhecer sem fenecer!
Regina Barros Leal