Fátima Bernardes
Quando a Fátima Bernardes saiu do Jornal Nacional, aplaudi. No meu modo de entender, ela não combinava nem um pouco com o seu parceiro de bancada, Bonner. Creio que ela não se sentia confortável ao lado de ator-marido. Sim, Willian Bonner é um ator. Não sabia, que por detrás da decisão de Fátima, tinha uma desavença amorosa. Desconfiei que o seu desconforto seria de natureza ideológica, pois o JN, desde o seu nascimento, faz um jornalismo canalha. O Willian Bonner é o que melhor cumpriu o papel de canastrão. Me lembro bem de sua atuação no chamado mensalão do PT. A música de fundo, o cenário com montanhas de dinheiro saindo do esgoto, seus gestos acompanhados de palavras raivosas. Enquanto o Bonner gritava espumando ódio, a Fátima mantinha os gestos comedidos. Não sabemos, talvez não saberemos nunca os reais motivos do afastamento de Fátima do Jornal Nacional. A TV Globo, que teve sua concessão pública concedida pela ditadura militar de 1964, para defendê-la e desde sempre faz um jornalismo seletivo, golpista.
Consumado o golpe que afastou uma presidenta honesta, a Globo e toda mídia empresarial se concentraram num massacre contra o ex-presidente Lula, até que novas, eleições foram realizadas e um extremista de direita alçado à presidência. E o Bonner troca de papel. Sai o indignado e raivoso, para dar lugar ao bom rapaz, de voz suave, quase inaudível, sobre os eventos do novo governo. Um expectador atento observa a mudança. O objetivo foi cumprido, não faz mais sentido a postura de ódio. Afinal o Jornal Nacional cumpriu o seu papel golpista, tem um governo que atende aos interesses da Globo e do sistema financeiro. Bolsonaro faz as patacoadas, para distrair a manada; Guedes vai privatizando tudo; Ricardo Sales abre a porteira pra boiada passar e o agro é pop a nos intoxicar, inclusive com fumaça.
Mas e a Fátima Bernardes, título desta crônica, o que a levou a sair do JN? Você minha cara leitora, meu amigo leitor, tem um palpite?