Contra essa geração...
Contra essa geração sensível e parva, resolvi amar o que ela odeia.
Se odeia Monteiro Lobato, passo, num repente, a idolatrá-lo.
Se odeia uma gíria, passo, no mesmo instante, a usá-la.
Se odeia a marca de algum produto, passo, da mesma forma, a compra-la e vende-la.
Se faz campanha em prol dos bois e das vacas, passo a consumir mais carne vermelha e beber leite de vaca.
Se se ofende com algumas passagens do Antigo Testamento, passo a declama-las em praça pública.
Se se ofende com o Halloween, passo a satirizar, ironizar, curupira e saci-pererê.
Se se ofende com palavras específicas, passo a escreve-las a esmo, até mesmo no vidro embaçado pelo vapor da água quente.
Se a opinião dela for falar baixo, eu grito!
E se a sua opinião for festejar, promovo a tristeza, decreto a guerra se ela declarar paz.
Estarei atento a todo momento aos seus sentimentos, pois uso e abuso dos antônimos naturais que a linguagem nos concedeu.
Bate palma? Eu vaio!
Chora? Eu rio!
Corre? Eu paro.
Reza? Eu praguejo!
Dorme? Eu vigio!
Renego a moral e a boa-vontade.
Assumo de hoje para sempre a antítese eterna à parvoíce dessa geração até a morte de seu último membro.
Amém.