O SERTÃO DE ANTES.
Naquelas roças abundantes as plantas nasciam e cresciam viçosas ao lado de árvores aconchegantes. Pois, tudo dava naquele sertão. De milho a mandioca. De melancia a arroz e feijão.
Esse era o meu sertão. Onde tudo era belo. Como o cantar do galo. E o trote do cavalo. Nos verdes campos do luar. Quando as árvores sorriam. Pelos encantos da natureza. Que encerrava tanta beleza. Que passou como o vento, mas ficou no pensamento. Em forma de tormento. Pois esse era o meu sertão. Que se foi como um raio. Mas ficou aqui dentro como força de um lamento!
Oh, sertão dos meus sonhos. Para ti retorno angustiado. Vendo os campos desmatados que assisto no presente. Pelo progresso demente. Que insiste em hostilizar nosso lugar. Assim vou morrendo também. Nos sonhos que vivi. Daquele recanto sublime. De ar puro e natureza virgem. Que não vejo jamais. Só em notícia de jornais.
Hoje, só os campos cinzentos do cerrado. As árvores foram trocadas pelo arado. As máquinas é que roubam a cena. Extinguindo-se aquelas manhãs serenas. Por trigo, milho, soja e cana. Tudo em nome da grana. Mas, até aonde as coisas vão chegar? Será que o homem nunca vai parar? É hora de pensar! Preservar e amar as coisas como elas são. Elas são belas quando intocadas. Elas são imensas e genuinamente belas quando crescem sozinhas. Vamos dar uma chance. Vamos reconstruir aquele sertão de antes!