O FIM DA ERA DO GALO

Lá por 1800 e alguma coisa, as irmãs Brontë - Emely (O Morro dos Ventos Uivantes), Anne e Charlott só puderam ver seus escritos publicados com pseudônimos masculinos. A autora de Frankenstein, Mary W.Godwin, mais tarde ‘Mary Shelley’ (um bom filme disponível na Netflix) também foi impedida de ter seu nome como autora da obra na primeira edição, isso em 1818. Mulheres não podiam expor suas ideias. Quanto preconceito!

Em 1915 Virginia Woolf estreou na literatura e o mundo virou de ponta cabeça para desespero dos conservadores. Escrevia o que pensava sobre o universo feminino sem medo dos comentários.

No Brasil, duas mulheres também começaram a abrir caminhos nas letras. Clarice Lispector (1920 - 1977) e Adelaide Carraro (1926 - 1992). Claro que tem outras, mas ficamos com essas para o texto não ficar um tijolo. Mulheres com coragem de descrever sentimentos sem sentimento de culpa ou vergonha.

O Doce Veneno do Escorpião, livro assinado por Bruna Surfistinha foi um sucesso de vendas. Mas se o pseudônimo fosse João da Silva teria o mesmo impacto? Não. Leitores (as) queriam saber detalhes da vida horizontal dessa jovem.

Enfim a mulherada começa a quebrar o gelo sem fazer uso de um machado. E não só na literatura. Elas ocupam cada vez mais espaços antes exclusivamente masculinos.

Nas letras de músicas compostas por elas está ocorrendo o mesmo. Liberdade para dizer o que querem. Chega de mulher chorando pelo abandono e/ou ser sempre a culpada. E avisando: “Hoje é sexta, meninada. Vamos pra balada tomar uma gelada”.

A era do galo acabou. O terreiro para ciscar ficou pequeno.

Pena que alguns poucos ainda não se deram conta.