Crônicas de ontem e de hoje - 7
- Morreu.
- O velho?
- Sim, o sogro dela.
- Puxa, ela o tinha como o próprio pai.
- Sim, e é você que dirá a ela.
- Eu?
- Sim, tarefa de estagiários. Faz parte do aprendizado.
Ele buscava agora uma forma ideal de dar a notícia a Estela. Recorreu em sua memória a Pessoa, a Machado de Assis. Pensou em outros poetas, mas nada lhe vinha como ideal. Por que o doutor Emílio não fazia isso, ele que era o médico. Pensava ansiosamente. Quando chegou ao hall, viu a bela Estela, sentada e com a cabeça baixa. Aproximando-se da moça, ela levantou-se ligeiramente e pediu-lhe informação sobre seu sogro. Ele sem encontrar nada apropriado, disse-lhe secamente:
- O velho morreu.
No dia seguinte foi informado que seu estágio havia terminado e já poderia integrar a equipe de UTI.