O ESPELHO RACHADINHO DE UM PRESIDENTE
Era uma vez um menino que nasceu em berço de ouro.
Um menino que aprendeu a ler e escrever na melhor
- ou melhor: na mais cara -
- ou melhor: na mais destacada -
- ou melhor: na mais elitizada... - das escolas do seu país.
No seu pequeno mundo, do qual a escola fazia parte
- esbanjador de riquezas, mimado, ensimesmado, endeusado, idolatrado... - sentia-se diferente de todos os "colegas" sentados ao seu lado, como se fosse o único.
"Sou mesmo diferente do mundo inteiro; tenho tudo o que quero; sou sempre o primeiro"... - Imaginava.
Aí, num belo dia - não se sabe se de propósito - o professor pede aos alunos para, num tempo pré-determinado, escreverem uma redação dissertativa cujo tema era: "Uma família pobre".
Ele (o menino) achou o enunciado muito fácil e elaborou o seu texto em tempo recorde, achando, como sempre, ter ganho mais um duelo entre os seus pares. Leiamo-lo com bastante atenção:
. . . . .
"Era uma vez uma família pobre, mas muito, muito, muito pobre. Tão pobre, que até as cozinheiras, as lavadeiras e as camareiras da casa eram pobres. Tão pobre que até os motoristas da família eram pobres. Tão pobre, que até o timoneiro do iate da família era pobre. Tão pobre, que até os médicos particulares e exclusivos da família eram pobres. Tão pobre, mas tão pobre, que até o gerente do banco que guardava o dinheiro, joias e os demais bens da família era pobre. Tão pobre, que até as escolas e os professores dos filhos dessa família eram pobres...".
. . . . .
E foi assim que ele, com sua visão fictícia - distorcida, míope ou astigmática - assimilou a dimensão da pobreza humana, invisível e muito distanciada do "Paraíso do Mundo" - único mundo que ele conheceu.
Com uma estrutura reflexiva truncada, esse menino prodígio cresceu, se educou e se bacharelou em economia, acobertado e paparicado por seus pais, professores e seus quase iguais.
Formado, recebeu do pai o controle da empresa de imóveis e construções Elizabeth Trump, que, de imediato, a renomeou para The Trump Organization. Tornou-se um grande e bem sucedido empresário. Sua fortuna, em 2016, foi avaliada pela Revista Forbes em 4,5 bilhões de dólares (113º mais rico dos EUA). Sua estrutura reflexiva, entretanto, nunca foi avaliada, nem revista.
Filiou-se a uma agremiação partidária e, por conta de sua reputação e pujança patrimonial, levaram-no a candidatar-se à presidência do seu país... E se elegeu. O auge?... Não! Provavelmente, conforme sonhava, o auge seria a inevitável, esperada e mui tranquila reeleição, que não aconteceu.
A fraude, o ardil, a desonestidade, a traição (nada comprovado) são argumentos desesperados e desditosos de um ser septuagenário que nunca em sua vida ouvira um "Não".
Mas, voltemos o nosso farol para a sua administração desde que assumiu a presidência dos EUA, em 20/01/2017.
Já em seu discurso de posse, julgando-se superior a todo e qualquer cidadão, armou forte artilharia para ameaçar o mundo com o seu egocentrismo, alimentado com a pólvora da mui repetida expressão:
"A América só para os americanos".
E a dispara, quando:
- ergue muros nas fronteiras do seu país, fechando os portões para toda e qualquer imigração;
- rompe acordos internacionais sobre alterações climáticas e aquecimento global, sobrepondo o seu ponto de vista às decisões conjuntas dos demais países do mundo;
- rompe, formalmente, relações com a Organização Mundial da Saúde (fundada em 07/04/1948 pelos 193 países membros da Organização das Nações Unidas), retirando a participação financeira dos EUA (400 milhões de dólares) destinada àquela organização anualmente; decisão própria de quem ainda não aprendera sequer o significado de "pobreza", pois que tomada em plena pandemia do Covid 19;
- como se não fosse presidente, lidera conflitos racistas e sobretudo negacionistas dos direitos humanos e grupos minoritários;
- de forma egoística, apesar de o mundo estar globalizado, toma medidas protecionistas que provocam impactos conflitantes, sumamente danosos e negativos para a economia mundial (exceto a de seu país); como exemplo: taxas ou cotas comerciais e alfandegárias impostas aos países economicamente concorrentes, o que significa distorção escancarada do acordado comércio multilateral (uma banana para a globalização);
- prega a demonização sombria das instituições vigentes e, consequentemente, a desesperança na democracia, a indecência no trato dos seres humanos e a completa descrença na ciência...
Um truculento genocida? Talvez não! Um arrogante racista, pregador do ódio e disseminador da mentira?...
Sim! Ficou provado com a sua não reeleição, que o desejado auge não foi atingido. Esperneia. Não admite haver perdido. Nunca perdeu. Não sabe o que é perder. Não cumprimentará o vencedor, porque esse gesto democrático é humilhante (nunca foi para todos os outros ex-presidentes que o antecederam). Aquele menino endeusado não pode ser derrotado.
. . . . .
E como estão agora os cinco países do mundo, inclusive o Brasil, que, influenciados por aquele meninão mimoseado, abraçaram a raivosa "ideologia" da extrema-direita, cuja principal arma utilizada é destruição, a distorção de fatos e a desinformação?...
É que o espelho em que se miravam acaba de ser quebrado. Correm o risco de ficar isolados num mundo que começa a abrir os olhos e, pelo que se espera, cogita de um sério e real reordenamento democrático.
Para o Brasil, considerando estar o presidente acuado, certamente embaçado pelo bafo de seus filhotinhos, o adorado espelho norte-americano ficou, agora, inexorável e implacavelmente "ra-cha-do" (ou ra-cha-di-nho, como é moda na Assembleia Legislativa carioca).
A dependência desse espelho era tal, que o único pronunciamento trazido até agora pelos ventos planaltinos tem sido o velho chavão: "A esperança é a última que morre", como se ainda fosse possível remendá-lo, atenuar o irremediável.
"Chega de saudade!"...
A esperança do mundo é que os demônios se afastem e
"Deus salve a América!".
Era uma vez um menino que nasceu em berço de ouro.
Um menino que aprendeu a ler e escrever na melhor
- ou melhor: na mais cara -
- ou melhor: na mais destacada -
- ou melhor: na mais elitizada... - das escolas do seu país.
No seu pequeno mundo, do qual a escola fazia parte
- esbanjador de riquezas, mimado, ensimesmado, endeusado, idolatrado... - sentia-se diferente de todos os "colegas" sentados ao seu lado, como se fosse o único.
"Sou mesmo diferente do mundo inteiro; tenho tudo o que quero; sou sempre o primeiro"... - Imaginava.
Aí, num belo dia - não se sabe se de propósito - o professor pede aos alunos para, num tempo pré-determinado, escreverem uma redação dissertativa cujo tema era: "Uma família pobre".
Ele (o menino) achou o enunciado muito fácil e elaborou o seu texto em tempo recorde, achando, como sempre, ter ganho mais um duelo entre os seus pares. Leiamo-lo com bastante atenção:
. . . . .
"Era uma vez uma família pobre, mas muito, muito, muito pobre. Tão pobre, que até as cozinheiras, as lavadeiras e as camareiras da casa eram pobres. Tão pobre que até os motoristas da família eram pobres. Tão pobre, que até o timoneiro do iate da família era pobre. Tão pobre, que até os médicos particulares e exclusivos da família eram pobres. Tão pobre, mas tão pobre, que até o gerente do banco que guardava o dinheiro, joias e os demais bens da família era pobre. Tão pobre, que até as escolas e os professores dos filhos dessa família eram pobres...".
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E foi assim que ele, com sua visão fictícia - distorcida, míope ou astigmática - assimilou a dimensão da pobreza humana, invisível e muito distanciada do "Paraíso do Mundo" - único mundo que ele conheceu.
Com uma estrutura reflexiva truncada, esse menino prodígio cresceu, se educou e se bacharelou em economia, acobertado e paparicado por seus pais, professores e seus quase iguais.
Formado, recebeu do pai o controle da empresa de imóveis e construções Elizabeth Trump, que, de imediato, a renomeou para The Trump Organization. Tornou-se um grande e bem sucedido empresário. Sua fortuna, em 2016, foi avaliada pela Revista Forbes em 4,5 bilhões de dólares (113º mais rico dos EUA). Sua estrutura reflexiva, entretanto, nunca foi avaliada, nem revista.
Filiou-se a uma agremiação partidária e, por conta de sua reputação e pujança patrimonial, levaram-no a candidatar-se à presidência do seu país... E se elegeu. O auge?... Não! Provavelmente, conforme sonhava, o auge seria a inevitável, esperada e mui tranquila reeleição, que não aconteceu.
A fraude, o ardil, a desonestidade, a traição (nada comprovado) são argumentos desesperados e desditosos de um ser septuagenário que nunca em sua vida ouvira um "Não".
Mas, voltemos o nosso farol para a sua administração desde que assumiu a presidência dos EUA, em 20/01/2017.
Já em seu discurso de posse, julgando-se superior a todo e qualquer cidadão, armou forte artilharia para ameaçar o mundo com o seu egocentrismo, alimentado com a pólvora da mui repetida expressão:
"A América só para os americanos".
E a dispara, quando:
- ergue muros nas fronteiras do seu país, fechando os portões para toda e qualquer imigração;
- rompe acordos internacionais sobre alterações climáticas e aquecimento global, sobrepondo o seu ponto de vista às decisões conjuntas dos demais países do mundo;
- rompe, formalmente, relações com a Organização Mundial da Saúde (fundada em 07/04/1948 pelos 193 países membros da Organização das Nações Unidas), retirando a participação financeira dos EUA (400 milhões de dólares) destinada àquela organização anualmente; decisão própria de quem ainda não aprendera sequer o significado de "pobreza", pois que tomada em plena pandemia do Covid 19;
- como se não fosse presidente, lidera conflitos racistas e sobretudo negacionistas dos direitos humanos e grupos minoritários;
- de forma egoística, apesar de o mundo estar globalizado, toma medidas protecionistas que provocam impactos conflitantes, sumamente danosos e negativos para a economia mundial (exceto a de seu país); como exemplo: taxas ou cotas comerciais e alfandegárias impostas aos países economicamente concorrentes, o que significa distorção escancarada do acordado comércio multilateral (uma banana para a globalização);
- prega a demonização sombria das instituições vigentes e, consequentemente, a desesperança na democracia, a indecência no trato dos seres humanos e a completa descrença na ciência...
Um truculento genocida? Talvez não! Um arrogante racista, pregador do ódio e disseminador da mentira?...
Sim! Ficou provado com a sua não reeleição, que o desejado auge não foi atingido. Esperneia. Não admite haver perdido. Nunca perdeu. Não sabe o que é perder. Não cumprimentará o vencedor, porque esse gesto democrático é humilhante (nunca foi para todos os outros ex-presidentes que o antecederam). Aquele menino endeusado não pode ser derrotado.
. . . . .
E como estão agora os cinco países do mundo, inclusive o Brasil, que, influenciados por aquele meninão mimoseado, abraçaram a raivosa "ideologia" da extrema-direita, cuja principal arma utilizada é destruição, a distorção de fatos e a desinformação?...
É que o espelho em que se miravam acaba de ser quebrado. Correm o risco de ficar isolados num mundo que começa a abrir os olhos e, pelo que se espera, cogita de um sério e real reordenamento democrático.
Para o Brasil, considerando estar o presidente acuado, certamente embaçado pelo bafo de seus filhotinhos, o adorado espelho norte-americano ficou, agora, inexorável e implacavelmente "ra-cha-do" (ou ra-cha-di-nho, como é moda na Assembleia Legislativa carioca).
A dependência desse espelho era tal, que o único pronunciamento trazido até agora pelos ventos planaltinos tem sido o velho chavão: "A esperança é a última que morre", como se ainda fosse possível remendá-lo, atenuar o irremediável.
"Chega de saudade!"...
A esperança do mundo é que os demônios se afastem e
"Deus salve a América!".