Obra de muitos pais
Iniciado em 1992, ainda no governo do Presidente Collor, o canal do sertão alagoano, com extensão de 250 quilômetros, a partir do município de Delmiro Gouveia até Arapiraca, seu trecho abrange 42 municípios, beneficiando a maior parte do sertão, antes de chegar ao agreste.
Apenas numa leve comparação, se essa obra fosse na China levaria menos de um ano para a sua conclusão. Entretanto, aqui no Brasil, essa obra já viu passar 7 Presidentes da República, nessa ordem: Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Michel Temer e agora Bolsonaro. Para cada trecho inaugurado há uma paternidade. Sem mencionar os presidentes anteriores, cujas presenças eram sempre pomposas, vem agora o presidente atual, imbuído de uma destacada informalidade, chegando a entrar na água, com a roupa do corpo, abraçado com um sertanejo mirim, um menino todo satisfeito com o gesto do presidente. E ainda, ao tomar um cafezinho numa casa humilde de uma sertaneja, foi ele próprio à pia, lavar a xícara. E haja informalidade por conta de quem não está nem aí para a liturgia do cargo. Aproveitando a presença de dois ministros nordestinos, a eles os tratou como "cabras da peste". Imaginem a satisfação dos sertanejos do distrito de Piau, no município de Piranhas, banhando pelo rio São Francisco.
Ôpa!
O trecho ainda faz parte de um município que faz divisa com o rio?
Então, para a conclusão da obra, lá no Agreste, ainda terá de haver muitos pais?
Infelizmente, é assim a política brasileira. Obras inacabadas, levando-se uma eternidade para a sua conclusão.