CABEÇAS E ALFINETES

Se toda testemunha for considerada cúmplice, provavelmente, teremos muito mais réus, que júri ocupando os espaços nos tribunais.

Tudo começou quando o P., voltando do Japão, trouxera na pasta uma calhamaço de papéis e algumas fitas de vídeo. Era a era da nova técnica chegando. A moda agora era a chamada administração participativa, chave do segredo do sucesso de, como motivar as pessoas para melhorar o desempenho no trabalho. Contudo, mesmo com as novas técnicas à porta, deve-se à hierarquia, obediência. Então, por ordem do P. os Gs foram deslocados, durante uma semana, para um hotel-fazenda numa cidade vizinha.

Como abertura o GRh proferiu uma calorosa palestra argumentando que, segundo estudos de um psicólogo famoso, todo homem, desde que nasce, vive em busca da felicidade. Mas a felicidade só é alcançada, caso o ser humano alcance também a auto-realização. Alcançar a auto-realiazação é alcançar o sucesso que coroa todo o esforço do indivíduo. E o instrumento para tal é o trabalho. Ele, o trabalho, é a alavanca capaz de dar ao homem tudo o que o mesmo deseja. E, uma vez satisfeito todos os desejos, o homem alcança a felicidade plena. Conclusão: só o trabalho pode suprir todas as necessidades do ser humano. Sejam essas, fisiológicas, como a fome, a sede; a segurança no tocante a estabilidade no emprego, moradia, ordem; afetividade no amor, afeição; consideração que atende a questão do respeito, prestígio, inclusive o status; e a auto-realização. Um indivíduo realizado pode se dar por feliz. Por isso o célebre pensamento: "O trabalho dignifica o homem". Portanto o nosso lema deve ser este: "O trabalho realiza o homem".

Logo após essa introdução, organizou-se reuniões, arvorou-se círculos e debates. Tudo para montar as estratégias de, como aplicar as novas técnicas para alcançar a tão sonhada motivação. O consenso entre os Gs acusou que, só poderiam aplicar as novas técnicas, caso se tornasse conhecedor o perfil de cada f.

Acordado o primeiro passo, restava apenas aplicar a ação.

No outro dia, apareceu logo na entrada da empresa, um grande painel todo pintado de branco. No seu topo, com letras verdes, o lema escolhido: "O trabalho realiza o homem".

Nesse painel, cada f. após dar entrada no cartão de ponto, deveria indentificar, através de um alfinete de cabeça colorida, o seu estado emocional em relação ao dia de trabalho que ia enfrentar.

Na primeira semana o painel, a cada dia, parecia mais uma árvore em pleno verão. Era público e notório o rendimento da produção em cada setor. A produtividade aumentou, as visitas à enfermaria reduziram-se consideravelmente, as consultas médicas também rarearam, o índice de entrada com atraso caiu vertiginosamente, e o absenteísmo desapareceu.

Movido pelo efeito do sucesso, o GRh, eufórico, andava pelos corredores. Ele, que só era visto de longe pelos fs. quando, até então, por volta das nove da manhã chegava à empresa, agora estava se tornando uma pessoa comum, conhecida por todos os fs. O GP não deixava por menos. Seguia-o por toda parte da empresa exibindo gráficos e mais gráficos, carregando no efusivo semblante um sorriso, e de sobrecarga a expressiva ostentação que lhe outorgava como co-autor do projeto que tinha praticamente revolucionado o processo produtivo.

Enquanto isso, as paredes da sala geral de reuniões, já ouviam rumores de que a aplicação do segundo passo da estratégia estava a caminho. A S. do P. consultara, novamente, o hotel-fazenda para mais uma semana com os Gs. Desta vez o número de participantes deveria ser maior. Iriam também os Ch. de cada setor.

O propósito agora era aproveitar toda aquela motivação para vôos mais altos, mais longínquos. O principal objetivo era alcançar a qualidade total. Presunção à parte, mas o objetivo era conseguir o tão cobiçado certificado da universalmente respeitadíssima norma ISO 9000. Para isso, uma grande consultoria estava sendo contratada para auxiliar o trabalho de implantação do processo. O esboço de um plano mirabolante, cheio de etapas e cronogramas chegava à mesa do P. Neste, consistia racionalizar o processo, reduzir desperdícios, reduzir despesas e baixar custos e aumentar os lucros. Tudo para tornar o produto mais competitivo a fim de aumentar a receita e afastar de uma vez por todas o fantasma do vermelho que assusta toda empresa.

Mas o painel é um instrumento não só informativo como também capaz de gerar influência e opinião. Que ousa contrariar a unanimidade só pode ter alguma anomalia. Muito embora, Nélson Rodrigues tenha escrito que toda a unanimidade é burra.

Porém, para não fugir à regra, logo na manhã seguinte, uma surpresa: Um dissidente. Um revolucionário talvez! Um membro do sindicato ?... Quem sabe! Veja o que apareceu. Apareceu no painel, no meio de todos os de cabeças verdes, um alfinete de cabeça vermelha.

Os Chs imediatos trocaram olhares entre si. Constrangido com o peso daqueles olhares um dos Chs, nem ousou esboçar sua opinião, nem mesmo uma justificativa. Observando o seu estado apreensivo, um colega, batendo-lhe no ombro, falou:

 Você não acha melhor falar com o G? Pois se a moda pega, acaba desarticulando todo o nosso plano.

O Ch acabou por ouvir o conselho do colega e subiu para o segundo andar. Lá onde ficam as salas de todos os Gs. Pela escada de acesso, foi ensaiando como iria abordar o assunto. Iria ser polêmico, desagradável, desconfortante. Por que, logo no seu setor, isso teria que acontecer? Logo agora, quando a produtividade estava alta. Nunca estivera tão alta quanto agora.

Quando entrou, encontrou o G. um tanto agitado e aborrecido. percebeu que o mesmo já tinha conhecimento do fato. E nem esperou o Ch. falar, foi logo descarregando uma severa observação, como se o subalterno fosse o responsável.

 Se o efeito pega, logo logo toda a empresa estará contaminada pelo vírus. Quem é o f.?

 É o 7, aquele que opera o batedor. Respondeu-lhe o Ch. um tanto aborrecido.

 Logo o operador do batedor! Aflito o G. falou, você precisa fazer alguma coisa urgente, pois aquela máquina não pode parar. Ela é que alimenta toda a linha de produção. Se a produção cair como é que fica a minha situação diante dos demais Gs? Já pensou nisso. O outro ouvia tudo calado e pensativo, em seguida proferiu:

 E se falássemos com ele para saber o motivo?

 Conversar o quê? Perguntar qual foi o motivo que o levou a colocar um alfinete de cabeça vermelha no painel? Respondeu o G.

 Pode ser que ele tenha algum problema. Poderou o Ch.

 Você tem cada uma! Se for perguntar para cada f., cada qual tem o seu problema. Nós também não temos os nossos? E quem resolve os nossos problemas senão nós mesmos.

O Ch, procurando uma alternativa, voltou a falar:

 Nesses papéis e fitas em que o P. trouxe do Japão não há alguma alternativa sobre, como agir diante de uma situação dessas?

O G. respondeu que não sabia, mas ia, sem dúvida, consultar o GRh sobre o que fazer diante do episódio.

 Enquanto isso, o que faço eu? Perguntou o Ch.

 Sabe de uma coisa! Não vamos fazer nada não. Desça à fábrica e finja que nem se apercebeu do fato. Você verá que amanhã tudo voltará ao normal. Deixemos que os anticorpos combatam o vírus. Logo logo essa célula de trabalho estará reabilitada. Desça e finja que nem viu o painel. Mais tarde você me telefona informando como estão as coisas. Desça que agora vou à sala do GRh.

De volta ao painel, até então porque era o caminho, o Ch. olhou novamente para o mesmo. Lá estava aquele alfinete de cabeça vermelha no meio de todos os outros de cabeças verdes. Ele realmente incomodava-o. Parecia até maior que os outros. O vermelho parecia-lhe mais vivo, um vivo um tanto agitado. Um observador generalista talvez nem o percebesse, mas um detalhista...

O dia transcorreu dentro da sua normalidade, sem maiores alterações, apesar do incidente já mencionado. Ao término do expediente, a cor vermelha já não parecia tão agitada, parecia uma cor menos agressiva. Mais tranqüilo, o Ch telefonou ao G. Este lhe respondeu do outro lado da linha:

 A manhã tudo estará normal, você verá. E ainda o aconselhou. Procure não alimentar comentários. Quanto menos se falar é melhor, principalmente por se tratar de um caso isolado. Comentários poderão provocar mais manifestações; manifestações poderão provocar desânimo; o desânimo é a poluição; o oxigênio é o ânimo. Fez ainda a seguinte recomendação. Não se esqueça de recolher aqueles dados que lhe pedi para que possamos montar o segundo passo do plano para a racionalização do processo. Precisamos reduzir os custos desta empresa. O Ch. perguntou o que o GRh. havia comentado do caso em questão. O GRh. havia dito que, quando o f. observar que ninguém o acompanhou na manifestação, ele voltará a cor normal.

No segundo dia, realmente a cor havia mudado. O f. havia voltado para a cor verde. O mesmo colega do dia anterior voltou a abordar o Ch.:

 Este f. deve estar brincando ou deve ser um gozador. Você conversou com ele para saber o motivo?

O outro, sem lhe dar muita atenção, subiu e foi direto para a sala do G. Desta vez não foi surpresa que o G. já sabia da volta do alfinete verde. Mas quem será que estava antecipando-lhe a informação? Mal entrou na sala o G. foi-lhe falando:

 Então, o f. voltou ao verde não é?

 Sim! Talvez tenha chegado a conclusão não ter outra alternativa.

 Não é bem assim, respondeu o G.

 É o quê então? Perguntou-lhe o Ch.

 É que, quem tem poder manda, quem tem juízo obedece.

 Quem tem juízo ou quem tem necessidade? Perguntou o Ch, em tom de brincadeira.

 Como queira entender. O importante é que ele voltou para a cor verde.

Trocaram mais algumas palavras e logo após o Ch. deixou a sala. Ao passar pelo painel, lá estava o alfinete de cabeça verde entre todos os outros fazendo parte de uma mesma massa, mais parecendo um tapete. No entanto, uma preocupação começou a tomar conta do Ch., mas precisava chegar ao fim do dia para uma confirmação. O fim da jornada veio e com ela a preocupação se confirmou: a produção tinha voltado ao normal. Comparada aos dias anteriores, era bastante insatisfatória. Tentou telefonar ao G. Mas foi informado de que o mesmo havia deixado a empresa mais cedo. Precisava então esperar o dia seguinte para informá-lo.

Veio o terceiro dia e com ele o desafio. Primeiro enfrentar o G. e depois tentar resolver o problema da produção baixa do f.. Pensava que a tomada de decisão deveria acontecer no primeiro quarto de hora.

Na entrada, o painel não acusava nenhum constrangimento. Menos mal assim, pensou. Subiu a sala do G. para o primeiro round. Logo que entrou percebeu que o G. já havia tomado conhecimento da baixa produção.

 Então, a cor voltou ao verde mas a produção de ontem?

 Nada satisfatória, voltou a produzir como no passado. Falou o Ch.

 Isto que dizer que, se ele continuar neste ritmo coloca-nos diante de dois problemas muito sérios. Primeiro, parece que esta querendo nos desafiar, segundo que poderemos ter, em conseqüência da sua baixa produção, outros fs. ociosos. É, agora teremos que fazer alguma coisa. A fábrica não pode pagar pessoas para ficarem paradas porque outras produzem de forma lenta com a finalidade de atrapalhar o processo implantado.

 É o que eu também acho, disse o Ch.. Não é melhor conversar com ele?

 Não! Já lhe disse que não. Você não entendeu. É por isso que dificilmente poderá chegar a ser um G. Você demora muito para entender essas coisas. Os próprios fs. são mais sutis que você.

 Talvez o mesmo tenha algum problema, ponderou o Ch., e só saberemos se conversarmos com ele.

 Olha! Você me irrita com essas colocações. Você não entende que falar com ele é lhe dar muita importância. É isso talvez que ele quer. Isto é, mostrar que é importante. O outro só ouvia, enquanto o G. continuava o seu monólogo. Se você perguntar para cada fs. se ele tem algum problema, todos vão responder que sim. Então irá descobrir que todos têm os seus problemas. Como não se pode resolver os problemas de todos, também não se pode resolver o problema de cada um, pois se assim o fizer, a coisa tomará a proporção de uma bola de neve. E aí, adeus plano estratégico de racionalização. O Ch., com a mão no queixo e pensativo, redimia-se apenas a ouvir o G., enquanto este, empolgado, continuava falando. Bom! Vamos tentar uma alternativa que me surgiu agora: desça à fábrica e coloque um aj. junto dele para que seja treinado. Com isso, por um lado, a produção deverá aumentar, por outro, ele, inteligente que é, irá perceber que não é tão importante assim. A sombra de um fantasma sempre assusta e deixa a pessoa mais alerta. Provavelmente perceberá que pescamos o jogo dele. Rapidamente voltará com a produção mais verde que nunca.

O aj. ficou o dia todo com o f., embora este tenha recusado a ajuda daquele. Parece que a estratégia havia dado certo pois a produção, realmente havia ganho cores verdes. Um alívio tomava conta do Ch.. Tentou, antes de terminar a jornada, a informar o G. mas este estava em reunião traçando os novos planos juntamente com os demais Gs. Portanto, só no dia seguinte poderia lhe comunicar o fato.

No quarto dia o painel estava como no dia anterior. Esperava-se também que a produção se repetisse. Quando o Ch. chegou ao segundo andar o G. já sabia de tudo. Que diabo! Quem tinha o interesse em lhe passar tal informações? O G., sorridente, foi lhe falando:

 Eu não lhe disse! quem tem poder manda, quem tem juízo obedece.

O Outro, meneando a cabeça, concordou, enquanto o G. continuava a falar.

 Foi até bom que isso aconteceu logo no início, assim vamos acumulando experiência, que futuramente, poderá nos servir e até exportar para os japoneses.

De volta ao painel, lá estava o alfinete sinal de preocupações. O verde estava um tanto opaco, um tanto macerado, uma cor citrina, não tinha lá o mesmo brilho dos outros. A inquietude teve a sua preocupação confirmada quando chegou ao setor de trabalho. Para surpresa sua, o f. 7 havia faltado. Imediatamente providenciou dois ajs. para que a produção não parasse. A pesar das dificuldades, a produção, se não foi a contento, o prejuízo também não foi de grande monta. Contudo, futuramente, com um pouco mais de treinamento, aqueles dois fs. dariam conta do recado.

No quinto dia, a notícia corria de boca em boca. O f7. havia falecido. Desta vez o G. não sabia, também foi pego de surpresa.

 São coisas que acontecem. Ponderou, tentando se justificar. Isto poderia acontecer a qualquer um de nós. Paciência. Desça à fábrica e use dois ajs.. Vá treinando-os. Logo logo um dos dois poderá ocupar a vaga. Aquele que melhor se desempenhar será promovido. Avise-os. Enquanto isso o Ch., pesaroso, continuava a pensativamente a olhar para o G.. Este, percebendo a inquietação do subalterno, continuou a falar. A vida é assim mesmo. A vida é um processo biologicamente seletivo. Uns duram mais, outros menos. Hoje foi ele, amanhã seremos nós, a natureza é dinâmica. O que podemos fazer... Bom, o que não podemos é ficarmos parados. Afinal, a vida continua... Vamos! ânimo meu rapaz.

Desceu à fábrica, mas sem antes passar pelo painel. Olhou como nos dias anteriores. Lá não estava ele. O que havia era um espaço ocupando aquele tapete verde. Mas logo aquele espaço seria ocupado por outro, ou melhor, ocupado não, substituído por outro. Outro tomaria o seu lugar. Já havia candidatos, só restava saber quem.

Logo após o almoço a Ass. avisou-o que o corpo estava sendo velado não tão distante dali. Teria que ir. Não ficava bem não comparecer. Principalmente naquele momento tão doloroso para a família.

Velório é sempre velório. E é uma coisa que ninguém acumula experiências. Velório é algo sempre inusitado. O coração contrista, a voz embarga, os sentimentos se afloram, as pessoas entre-olham-se, consternadas, manifestam os pesares. Os mais íntimos solidarizam-se, os afastados, relutam-se nas aparências condolentes. O falecido vira santo.

Após os pêsames, foi deparar com o morto dentro de uma urna. Urna não, era um caixão mesmo. Rústico por sinal. À cabeceira um grande crucifixo de metal. Quatro tocos de vela queimavam vagarosamente deixando cair o borro lacrimejante que, segundos depois já se sedimentaram no anteparo do castiçal. As flores amanhecidas, exalavam um odor repugnante pela saleta do necrotério. Um véu preto cobria-lhe o corpo, mas deixava ver, pela transparência, as mãos entrelaçadas sobre o abdômem. No rosto a cor pálida, anêmica cujas pálpebras cerradas. Revelação de uma fisionomia austera. A cor do véu, confundia-se com as mãos. Mãos que jaziam para sempre a máquina parada. Morreu sozinho. Ou melhor, a morte é assim mesmo, ninguém morre em solidariedade. Quem morre, morre só. É a separação, a ruptura e disso temos a certeza da qual só conhecemos o avesso do avesso. A única solidariedade que se recebe são daqueles que lhe vestem a mortalha; cuja vestimenta apodrece junto a lembrança e desaparece com o próprio esquecimento.

Da indisposição estomacal amanhecida do dia anterior, restou-lhe um mau-súbito. Depois de tantos e tantos anos de trabalho, naquele dia sua máquina decidiu parar. Não porque ele quisesse, mas porque lhe faltou forças. Forças essas que durante muito tempo havia colocado sua máquina em movimento. Talvez alguma comida estragada lhe estragara o estômago. Esperou pela melhora, mas ela não veio. Veio sim, o mau-súbito que se repetiu. Um toco de vela iluminou os seus últimos movimentos, o seu último suspiro. Aquele providencial toco de vela próximo ao berço, que pela falta de um butijão de gás, havia aquecido a mamadeira. Percebendo ser o fim, e sem poder fazer mais nada, fechou os olhos deixando cair duas lágrimas vencidas pelo cansaço, deu um forte gemido e entregou a alma a Deus.

O Ch. ouviu tudo aquilo em silêncio, vez ou outra olhava para o morto, vez ou outra para a viúva, que amparada por uma parenta pormenorizava, entre lágrimas, a morimbundância descritiva. Ele, já estava próximo a sua última morada. Lá, certamente, os alfinetes não têm cores. Serão todos iguais, serão indolores. A mulher, agora amparada por uma vizinha, soluça à beira do caixão que é fechado. Um companheiro do setor de trabalho apanhou num dos cantos da sala uma coroa de flores com a tradicional dedicatória: "saudades dos amigos". O companheiro, com os olhos embaçados, abriu caminho. Quatro fs., que haviam sido autorizados a sairem mais cedo para se despedirem do amigo, tomaram-lhe as alças. A passos lentos o cortejo seguiu... Enquanto uma chuvinha intermitente, que desde cedo incomodava as pessoas abrirem seus guarda-chuvas, resolveu dar uma trégua. O sol timidamente se mostrou entre as nuvens. Do outro lado do horizonte, em solidariedade, apareceu um arco-íris, com aquelas mesmas cores que desde menino Dalton nunca conseguiu distinguir.

(Osvaldo Resquetti, Agosto/97)

Osvaldo Resquetti
Enviado por Osvaldo Resquetti em 07/11/2020
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