LARANJA PODRE

LARANJA PODRE

06nov20

Lá como cá, quase tudo está errado. O que fizemos com o mundo?

Hoje vejo que o mundo é apenas um saco de laranjas, o primeiro saco de laranjas criado por Deus que quando foi descansar no sétimo dia, o deixou aos cuidados do anjo Vantagem ao qual cabia apenas fechar o saco e jogá-lo para fora do paraíso. Mas ao lado do saco, próxima a uma pedra, havia uma laranja com um pouco de mofo esverdeado. O que fez Vantagem, pega a laranja e a mete no saco, pensando que desta forma não teria que repetir o que fizera nos três últimos dias que era retirar e enterrar as laranjas não aprovadas por Deus.

Este saco de laranjas, lançado do paraíso pelo anjo Vantagem, cai na terra e começa a proliferar. As laranjas caem no cume de uma montanha onde o saco se abre. As laranjas não contaminadas pela laranja que começara a apodrecer rolam para as terras baixas, já aquelas que se contaminaram pela laranja podre colocadas por Vantagem, não podiam rolar e permaneceram no alto.

Todas as laranjas selecionadas por Deus tinham o dom da fertilidade que a laranja podre não tinha, porém, durante a viagem do paraíso até a terra, ela contaminou as laranjas que estavam a sua volta que, por sua vez contaminaram outras próximas. As laranjas contaminadas não chegavam a 1% do total de laranjas, mas carregavam a podridão da laranja colocada por Vantagem e tinham, em sua genética, a fertilidade daquelas selecionadas por Deus.

Vieram as chuvas, necessárias a germinação das sementes e as primeiras laranjas que receberam a água foram as laranjas do alto da montanha. As sementes germinaram e deram origem a laranjeiras pequenas e retorcidas de poucos frutos. Já as laranjas das terras baixas geraram frondosas laranjeiras cujos pés ficavam carregados de frutos.

Muitos anos se passaram e as chuvas continuavam caindo e gerando laranjas. As do alto da montanha originadas das contaminadas, caiam facilmente com as chuvas e ventos e rolavam para baixo da montanha se misturando as laranjas boas.

Chegamos ao século 21 as laranjas boas se misturaram as laranjas podres e as duas se digladiavam pela vantagem, sendo que as laranjas podres, que anteriormente eram a minoria, sempre eram municiadas por aquelas poucas que originalmente caíram e que suas árvores permaneceram no alto das montanhas. As laranjas boas sabiam que se as contaminadas se tornassem a maioria seria o fim da espécie e assim se multiplicavam além do que seria razoável e se tornavam miúdas e fracas se assemelhando as laranjas do alto da montanha não sendo mais possível diferenciá-las quanto ao aspecto.

Hoje cabe aos agricultores exterminarem as laranjas podres quando do processo de seleção a cada nova safra e cabe a Deus acabar com as montanhas e desta forma exterminar os planaltos transformando a terra numa imensa planície.

Geraldo Cerqueira

Geraldo Cerqueira
Enviado por Geraldo Cerqueira em 06/11/2020
Reeditado em 06/11/2020
Código do texto: T7105220
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