AMAR QUEM ME AMA
Vivo num mundo que não foi feito para mim ou não fui feita para ele, dá no mesmo, estou sempre sobrando.
Tenho vários desejos que chegam até ao infinito, mas estou amarrada demais, amordaçada demais para poder me mover.
Vivo com essa angústia constante de não ser nada.
Não sou uma constante na minha vida e nem a de ninguém. Todos esperam que eu faça alguma coisa normal, ou menos esquisita e tentam me acompanhar.
Não me acompanhem! Sinto angústia que não sai de mim - talvez seja eu que não a deixe. Nunca serei uma pessoa comum, não gosto das trivialidades, da simplicidade das pessoas que se deixam levar pela rotina, nadando sempre a favor da correnteza.
Não.
Nasci para enfrentar as grandes ondas, dar braçadas para conseguir o mar alto. Fico exaltada quando penso assim! Sou antes de tudo, uma alma triste, um alma intensa, às vezes, não consigo segurar minha raiva e aí vem a explosão; na realidade vem primeiro a implosão.
Estou atormentada, eu sei. Não sei bem onde estou, estou perdida. Não me sinto bem aqui - seja lá onde for!
Gostaria de sentir saudade... mas de quem? de quem? de quê?
Contando tudo isso, eu sei que não pareço uma pessoa boa, nem sou tão ruim assim; a minha vida é que me prega peças. Eu não sou feita para achar alguma coisa engraçada, no mínimo para não ser deseducada, dou um risco de sorriso, mas faço de forma polida para não demonstrar o nada que senti.
Contento- me com poucas coisas: a minha solidão, gosto de falar ao telefone (da impessoalidade que ele nos dá), respeitar algumas pessoas que conseguem me entender e amar quem me ama.
Na realidade, quero me fixar neste mundo que se tornou grande demais para mim, mas quero de alguma forma pertencer a ele. Sendo incompreendida, ou não, sendo tolerante ou não, sendo atormentada ou não.
Basta um para dizer o que preciso fazer, que em meio a minha rebeldia, ouvirei atentamente e basta um gesto de compaixão que estabelecerei que foi um gesto de amor.