CicloCOVIDismo 19

A pandemia sempre traz muitos transtornos, mas nem tudo
é puramente danoso. O CicloCOVIDismo veio como um efeito
colateral benéfico e o contágio é mais ou menos da mesma forma,
um ciclista contamina outros não ciclistas. Alguém aparece todo
vestido como a Carmem Miranda montado em uma magrela,
quanto mais colorida é a indumentária, melhor. Aí começa o
primeiro estágio da transmissão viral, você monta em uma bike
emprestada e dá uma volta com a galera. Sem querer, cai nas
graças do pedal nosso de cada semana ou esporádico a princípio.
Depois de alguns trechos fáceis e repletos de natureza vem
uma subida interminável, você xinga, reclama, esbraveja, mas
não tem como voltar, está perdido no meio do nada e só resta
empurrar e acompanhar os amáveis brutos. Nunca na história
uma bike teve tanto valor, até as que estavam esquecidas em um
canto qualquer voltaram à plena atividade. Será que as bikes são
antídotos contra o COVID? Ainda não temos estudos comprovados

a esse respeito. Na dúvida, use moderadamente todos os
dias, horas e minutos disponíveis.
Um dos maiores perigos é a sensação de liberdade, em alguns
momentos achamos que podemos voar com elas e as aterrissagens
nem sempre são completamente perfeitas. Depois daquele tombo
memorável e com o corpo todo ralado, prometemos ser a última
vez, porém nesse momento já é tarde, você acaba de comprar um
terreno e precisa visitá-lo constantemente. Tem uma peça que
vai sentada ao selim, apoiado ao guidão e clipada aos pedais que
costuma abusar de suas habilidades.
Pedalar não é preciso, porém é preciso que façamos algum
tipo de exercício e por que não bikear? Uma vez contaminado
pelo CicloCOVIDismo 19 pode não haver cura, muito de nossa
atenção, verba, tempo e até sonhos são sequestrados.
Pensando bem, enquanto estou escrevendo esse texto poderia
estar pedalando, partiu bike! 🚴 ! Fuiiiiiii!

Kennedy Pimenta 🌶