Amada Solidão...
Após a folga do Dia do Professor, no dia 15 de outubro, nós, funcionários da secretaria de educação, teremos que amargar uma solidãozinha no dia 30/10, feriado transferido do dia 28/10. Este é o dia do Funcionário Público.
Porém, a balbúrdia da secretaria ao lado as vezes me deixa sem conseguir fazer meu trabalho em paz. O papo gostoso da galera animada, as visitas indesejadas dos cabos eleitorais a despejar os famosos santinhos do pau oco nas nossa mãos e a visita do maluco beleza que após passar a noite a esborniar, vem nos "visitar" e acaba com o sossego do lugar. A gente também não é de ferro, o cafezinho da amiga Cida vem a calhar de vez em quando. E ao pausar pra tomá-lo, vem aquele grupinho a querer bater aquele papo, que de tão animado, se torna inadequado pro ambiente de trabalho. Da minha mesa, como um navio prestes a partir de tanto trabalho acumulado, vem o convite através dos meus olhos, pra voltar a trabalhar.
Eu, que sou daquelas ansiosas, quero devolver logo os livros devolvidos pelos clientes para as estantes, carimbar e registrar os novos que chegaram e dar-lhes o destino adequado. Mas assim que me aproximo da mesa, chega um "amigo" desocupado a me trazer uma "notícia inédita"(que eu já estou careca de saber) E quer atenção. A fulana(o) tem depressão, e cabe a mim o papel de ouvir em silêncio ou até anuir de vez em quando pro coitado(a) não se sentir mal. Enquanto ele(a) fala, eu vou fazendo meu serviço e tentando dar baixa nos livros. Mas de repente a pessoa me olha com cara de poucos amigos e diz: _Será que não dá pra parar um pouquinho só? E vai embora emburrada.
Depois que aconteceram muitos episódios como estes eu aprendi a parar e ouvir apenas. É por isso que temos fama de quem não faz nada. Mas na verdade teríamos que ter funções múltiplas. As vezes eu me sinto uma psicóloga, ou uma assistente social, ou ainda uma amiga de aluguel. Hoje no entanto eu vou ficar aqui sozinha e terminar tudo que não consegui fazer na semana. Quem sabe até limpar as estantes! Se você chegar aqui e me ver falando sozinha, não se preocupe. Ao se aproximar poderá talvez ouvir-me dizer: _ Oh Solidão amada!