O Homem do Machado de Nova Orleans
“...Em minha misericórdia infinita, vou fazer uma pequena proposta para vocês.
Aqui está:
Eu gosto muito da música de jazz, e juro por todos os demônios das regiões inferiores que pouparei a vida das pessoas em cujas casas o jazz estiver sendo tocado, quando eu visitar a cidade.
Aconselho que o jazz esteja presente, só assim não usarei meu machado.”
Trecho da suposta carta de Axeman, o assassino do machado de Nova Orleans
Tradução livre: Marcos Paulo Campos
Nos findos anos da década de 1910, a cidade de Nova Orleans era o berço do gênero musical Jazz, mas, apesar de ser um movimento de expressão artística, que lotava bares e casas noturnas da cidade, essa música era também muito executada na cidade por causa do medo dos moradores, depois que uma carta ameaçadora de um Serial Killer foi divulgada por um jornal local.
Hoje falaremos sobre o serial killer “O Homem do Machado, de Nova Orleans”, um assassino sanguinário e misterioso que poupava a vida dos amantes de jazz.
Axeman, como ele próprio assinava, nunca foi identificado e, com o passar do tempo, acabou marcando presença na cultura pop do terror, retratado até mesmo na série American Horror Story, o que jogou nesse terrível assassino em série um falso véu de lenda folclórica.
A verdade é que esse homem transformou a cidade num verdadeiro cenário de terror, onde as pessoas viviam tomadas pelo medo de, principalmente a noite, serem caçadas pelo assassino.
Mas, para entendermos um pouco mais dessa história sombria e dos terríveis crimes praticados pelo homem do machado, vamos aos fatos.
Apesar da maioria dos crimes terem sido praticados em 1918 e 19, uma hipótese, levantada pelo ex-investigador John Dantonio, diz que o assassino teria começado a agir em 1911, desaparecendo, até onde se sabe, por 7 anos.
Ainda, segundo o ex-investigador, o assassino teria dupla personalidade e provavelmente era uma pessoa comum, do convívio cotidiano, mas que carregava por dentro demônios que o instigavam a matar.
A própria alcunho do assassino deixa claro que sua arma preferida era um machado, mas ele também fazia uso de navalha ou outro instrumento cortante que estivesse a sua disposição, como uma faca de açougueiro, por exemplo.
O Axeman cometeu cera de 12 assassinatos e fez mais de 20 vítimas, considerando as que foram atacadas, mas sobreviveram. Em todo o período que aterrorizou a cidade de Nova Orleans, apesar de todas essas vítimas, nunca se teve nada concreto sobre sua aparência, apenas algumas vagas descrições.
À época, algumas pessoas descreveram o agressor como um homem de “pele escura”, “corpulento” e que usava um chapéu “virado para baixo”.
Embora vagas, essas descrições obrigaram as autoridades a iniciar fortes investigações em busca de suspeitos. Isso fez com que muitas pessoas enfrentassem interrogatórios, que, sem exceção, foram todos derrubados pela falta de evidências.
O terror começou no dia 22 de maio de 1918, quando Joseph Maggio e sua esposa Catherine foram encontrados degolados em sua cama. Os irmãos de Joseph, que eram seus vizinhos, acharam os corpos do casal. Alguém tinha invadido a casa-mercearia italiana onde moravam e trabalhavam e os assassinou brutalmente com machadadas e golpes de uma navalha.
Nada foi levado da propriedade e as armas do crime foram deixadas na cena. O machado foi encontrado no banheiro e a navalha no jardim.
O assassino também fez questão de deixar uma estranha mensagem escrita à giz: "A sra. Maggio vai se sentar hoje à noite, assim como a sra. Toney".
A polícia chegou a relacionar essa mensagem com uma senhora, Tony Schiambra, também dona de uma mercearia Italiana, que foi assassinada entre os anos de 1911 e 12 e isso, sem dúvida, acaba corroborando a tese do ex-investigador John Dantonio sobre o ano inicial de ação do serial killer, cujo modus operandi se mostrou o mesmo.
Em 27 de junho, ainda daquele ano, supostamente, o homem do machado fez outra investida. Louis Besumer e sua namorada Anna Harriet Lowe foram atacados na mercearia de Besumer. As mesmas características do crime anterior, mas, dessa vez, as vítimas sobreviveram, porém, em decorrência dos graves ferimentos, Anna acabou falecendo cerca de um mês depois do ataque.
Essa investida deu ensejo a novos interrogatórios, mas nada concreto foi oficializado e, por falta de provas, o crime ficou sem solução e os suspeitos foram liberados.
Logo depois, em 10 de agosto, o barbeiro Joseph Romano foi morto com uma machadada na cabeça e, no mesmo mês, uma mulher grávida chamada Sra. Schneider foi atacada em sua casa, mas sobreviveu, embora tenha tido parte do couro cabeludo cortado e alguns dentes arrancados pelo agressor.
Segundo os artigos que falam do caso, os crimes cometidos pelo “Axeman”, homicídios e tentativas de homicídio, superam um número total de 20 vítimas.
O homem do machado, sempre agia do mesmo jeito, arrombava o imóvel da vítima com um cinzel, não levava nada, utilizava um machado ou outro objeto cortante e era extremamente violento nos atos que praticava.
Mas, apesar da brutalidade das ações, o verdadeiro autor dos crimes parecia longe de ser descoberto naquele momento, o que, de alguma forma, o incentivava a continuar as atrocidades.
Ser um homicida egocêntrico, inclusive, é uma característica muito presente em alguns casos de assassinatos em série da história como, por exemplo, foi o assassino do zodíaco. Esse caso virou até filme, pra quem quiser conhecer.
Bom, continuando:
Em março do ano seguinte, o homem do machado continuou atacando e cometeu um de seus piores crimes, se é que é possível mensurar isso, pois todos os atos dele foram igualmente cruéis.
Charles Cortimiglia, um imigrante que vivia com sua esposa e filha de 2 anos em um subúrbio de Nova Orleans, teve a má sorte de ser visitado pelo maléfico homem do machado. Todos da família levaram machadadas, mas apenas a pequena filha de Cortimiglia morreu.
Eu não vou relatar aqui todos os casos, pelo fato de que todos guardam essas cruéis características, acredito que já é o suficiente para ilustrar o quão atroz era o tal Axeman.
Mas, caso queiram, na internet vocês vão encontrar a lista de todas as vítimas do sanguinário assassino em série. Um homem que transformou uma cidade inteira em um cenário de horror e apreensão.
Ainda em março, depois desse último ataque, uma carta foi publicada por um jornal local, na qual, o Axeman, como ele próprio assinou a carta, dá uma “oportunidade” às pessoas da cidade, dizendo que não cometeria nenhum ataque, caso as casas da cidade estivessem tocando jazz, gênero musical pelo qual ele tinha apreço. Mas, infelizmente, essa carta também é um enigma, pois não se sabe se ela é autêntica ou foi uma espécie de trote.
Fato é que o assassino, depois da carta, deu realmente um tempo nos ataques, mas, alguns meses depois, voltou às sórdidas investidas.
Sua última vítima foi Mike Pepitone, em outubro de 1919. Esse derradeiro ataque, inclusive, deu ensejo a especulação do escritor inglês Colin Wilson de que o homem do machado poderia ter sido Joseph Momfre, um homem morto a tiros em Los Angeles em dezembro de 1920 pela viúva de Mike Pepitone, que, segundo os relatos desse caso, teria visto o assassino fugir da casa deles após o crime.
Mas, como já havia acontecido antes, nada contundente apoiou essa hipótese.
O que se pode supor, com a análise dos fatos, é que muito possivelmente a motivação dos crimes, seja quem fosse o autor deles, tinha um cunho de preconceito racial, pois a maior parte de suas vítimas eram imigrantes ítalo-americanos, que estavam enfrentando uma onda geral de fanatismo nos EUA durante aquela época.
E baseado nisso, chegou-se a cogitar a possibilidade de os crimes estarem relacionados à máfia, mas isso nunca encontrou fundamentos factuais que pudessem sustentar a hipótese.
Com todos os ataques e assassinatos se tornando conhecidos, o caos foi tomando conta da cidade e o medo de uma “visita” do homem do machado entre os moradores da cidade só aumentava, transformando o clima da cidade do jazz em um verdadeiro pesadelo.
A identidade de Axeman ou simplesmente homem do machado de Nova Orleans, apesar das investigações, das teses, enfim, das teorias envolvendo o caso, ainda permanece como um grande mistério criminal.
Nessa tenebrosa história, tudo que se tem, de concreto, são as vítimas, o sofrimento delas e de seus familiares. Já para a punição, a justiça, existe apenas a palavra desconhecido.
Esses foram os fatos relevantes que encontrei sobre o caso, se você já conhecia esse serial killer e sabe de algum detalhe que eu deixar passar batido, comente aí por favor, caso queira contribuir.