MARIA FOFOCA É AMAN(he) ! . . .




Se um general é apelidado de Maria Fofoca, imagine
um capitão ! . . . 
E um capitão que não foi de fato capitão, hein ? ! . . .  Seria de Maria Peidorrenta pra baixo, acho ! . . .
Refiro-me - o leitor já sabe - àquele tenente que foi atirado para a reserva a fim de que a disciplina e a ordem numa caserna voltassem a reinar.
Lembro desse rebelde ex-tenente, na década de noventa, utilizando até carro de som, em Brasília, para desqualificar determinados generais.  Quero dizer:  usando a imunidade do seu cargo (deputado federal) para vingar-se daqueles que um dia foram seus "algozes", quando interromperam sua carreira militar.
Vingança, ira, humilhação (...), desde aquela época, para os bons observadores, são visíveis no falar, no agir e até mesmo no olhar daquele ex-tenente adepto declarado da ditadura, da censura e da morte por tortura.
Chegou, então, o seu grande momento.  O birrento  deputado federal se elege presidente da República, que, constitucionalmente, é o Comandante Supremo das Forças Armadas.
Um trem de repente atrelou-se a outro trem exatamente na estação que o maquinista mais queria:

"O maquinista manda e os passageiros obedecem".
"Quem tem a caneta na mão (quem comanda) sou eu!".

Estrategista, o comandante supremo (o maquinista) enche o palácio (seu comboio) de generais, que também preenchem nove ministérios (vagões lotados de outros militares de alta patente, da ativa e da reserva, ocupando os assentos da administração pública).  O apito dos trens parece encantar a todos, que não percebem o canto alegre e vaporizado da locomotiva sobre os trilhos: 
"A hora é esta, a hora é esta, a hora é esta!"...
Aí, em cada parada (em cada estação) um general desembarca.
Vejamos alguns exemplos:
- General Carlos Alberto dos Santos Cruz (exonerado logo no começo do governo por defender princípios nacionalistas que não se coadunavam com os do seu então Comandante Supremo);
- General Maynard Marques de Santa Rosa (também por divergências, foi obrigado a largar a Secretaria de Assuntos Estratégicos);
- General Franklinberg de Freitas (convidado, a nível ministerial, a deixar a FUNAI);
- General Juarez Cunha (igualmente convidado a deixar os Correios);
- General João Carlos Jesus Corrêa (convidado a deixar o INCRA);
- General Marco Aurélio Vieira (exonerado da secretaria especial do esporte).

Na próxima estação, mais um poderá entrar nessa lista de degolados.  É provável que desembarque o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira - ministro-chefe da secretaria de governo do presidente desde junho/2019.  Foi quem substituiu o exonerado general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Na lista de degolados, por quê?...
Só porque o comboio ia passando perto de um circo e, de brincadeirinha, um passageiro do outro trem riscou um palito de fósforo e o atirou pela janela.
Pra ser mais claro:
O ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, em tom de mofa, apelidou  o general Luiz Eduardo Ramos de
MARIA FOFOCA
O circo  pegou fogo por alguns dias (parecia a Amazônia ou o Pantanal), até que a fumaça irritou os olhos do presidente - que, pressionado, fez Salles pedir desculpas ao general.
Tudo bem, a princípio.  As chamas pareciam debeladas. Aparentemente, sim.  O presidente até abraçou o ofensor (o incendiário).  Mas só o ofensor ! . . .
E o ofendido (o dono do circo que Salles queimou)?!...
Sei.  Entendo, comandante. Não seria tão fácil assim abraçar um homem queimado.
Porque queimado ficou todo um Quartel General.
Diga-se melhor: 
Ficaram em chamas as nossas Forças Armadas, até mesmo a AMAN - Academia Militar de Agulhas Negras -, que prepara os generais antifogo de amanhã.

Fui militar por pouco tempo, mas aprendi que uma pequena ofensa a um só dos soldados significa uma grande ofensa a toda a corporação.

"Vingança, não!" - é o título de um livro do escritor Chico Pereira, nordestino (in memoriam), supostamente de esquerda, que li mais de uma vez no meu amadurecimento e  que - fico grato - fez parte de minha formação.  Chico conta que perdeu o pai, em luta sangrenta, defendendo sua pequena porção de terra.
E a beleza do livro está no comportamento do autor, que,  em vez de vingar-se (como era praxe nos sertões nordestinos), preferiu o caminho da harmonia e da paz.

Vingança não, presidente!  Desrespeito não, ministro Salles, ou Weintraub II, ou Ernesto Araújo II...
(todos se igualam).

Aliás, não é de hoje essa guerra dos entreguistas da extrema direita contra os outros pilares da democracia e contra a dignidade, a disciplina, a moral, o espírito de liberdade e o nacionalismo de nossas Forças Armadas.
 
O governo, que apenas se fantasia de cristão, pelo menos deveria aprender que
"É impossível servir, ao mesmo tempo, a dois senhores". 
É que suas opções, sob minha análise, têm sido, na verdade, em favor do trem dos mais ridículos dentre esses dois metafóricos senhores.

A propósito, e por falar em respeito, digo que nunca vi qualquer registro de ausência de probidade ou falta de lisura dos governos da não-direitae contra pessoa(s) ou grupo(s) pertencente(s) às nossas Forças Armadas.  Tampouco, vislumbrei gestos sub-reptícios de vingança. O problema é que a extrema direita - vingativa e preconceituosa, como o é em todo o mundo - jamais adotaria os princípios cristãos de Chico Pereira:

Vingança, não!...
Vingança, nada,
senhor comandante supremo das Forças Armadas !

                        
(fernandoafreire)

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Adendo
(colaboração do recantista Dartagnan Ferraz):
Inclua-se na lista de degolados o general Rego Barros, porta-voz do governo, cujo cargo, sem maiores explicações, foi recentemente considerado inútil.

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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 27/10/2020
Reeditado em 31/10/2020
Código do texto: T7097459
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