Crônicas de ontem e de hoje - 4
[Sou eu, eu sou sua!]
Ela leu "Madame Bovary". E quando Emma disse:
- Sou eu, eu sou sua!
Ela, imediatamente, desejou amar como Emma. Ela era casada como Emma, estava entediada também, sua sogra a sufocava também...
Faltava-lhe apenas uma paixão ardente. Flaubert já lhe revolucionara o coração, estava decidida e tinha coragem. Ignorou os conselhos da razão e se abriu toda aos desejos do coração.
Escreveu um bilhetinho para João, deixando sobre a mesa da cozinha. João chegou e chorou. Passou anos e anos inconsolável. Sua mãe morreu e João chorou de novo. E quando tudo parecia perdido, João conheceu Virgínia. João se apaixonou de novo e seu coração foi reformado. João e Virgínia tiveram dois filhos, viajaram e foram felizes até o fim de suas vidas.
Ela foi atrás da paixão, completamente entregue ao coração. Precisava viver o que Emma viveu. Conheceu alguns homens, mas foi em Júlio que encontrou o amante perfeito. Ela amou Júlio perdidamente e numa tarde de primavera, ela lhe disse:
- Sou eu, eu sou sua!
Depois ela chorou e Júlio a olhava sem entender. Depois disso, ela caiu novamente em profundo tédio e com os cotovelos debruçados sobre a janela, via Júlio pela última vez.