INDIGÊNCIA DA LÍNGUA E DO PENSAMENTO POLÍTICO.
Um país não existe com sua língua vilipendiada, arrasada, diz respeitabilíssima escritora e nome nacional e mundial de nossa literatura.
Ouço uma entrevista de Nélida Piñon, integrante da Academia Brasileira de Letras a José Nêumane, jornalista de escol brasileiro.
Deixa enfatizado que a derrocada de um país se alia também e principalmente à ausência do poder comunicativo, e que ele se dá, mas deformado, embaraçado, viciante, vicioso e viciado. Como está claro por falta de formação mínima da massa brasileira que mutila o vernáculo mais simples.
É taxativa do alto de sua experiência, notabilidade e respeito, afirmando que a língua deformada, sem o uso conveniente, mostra o pensamento político que temos, também deformado. UMA PROJEÇÃO DO TRIÂNGULO, VÉRTICE E BASE. Nenhum estudante de lógica pode negar.
Não se separa o pensamento político da língua que o comunica. Forma e conteúdo, meio e fim, andamento e substrato. Culpas; de quem ou quais? Nada disso se aborda, mas uma realidade incontornável.
Quem pode afirmar em contrário? Quem com coragem, e somente com rasgo de plena ignorância, pode dizer que o pensamento não se acanha, diminui e se estiola finalmente, por não poder nadar nas letras com o impositivo estudo de seu berço originário, e se firmar.
É a ruptura do meio e do finalismo. A teoria do finalismo não tem como podar raízes, tudo se desenvolve para um fim, e se o veículo é um aleijão seu produto não destoará. Vimos e vemos isso em nossa história. Não há fim, PARECE QUE PIORA A CADA DIA.
O solecismo que espanca, as gritantes distâncias dos bancos estudantis necessários, vazam feridas que não cicatrizam no pensamento político; uma sequela ausente de qualquer propriedade. Um tiroteio de tolices nas asas do achaque à língua e à lógica, e por óbvio, esta depende daquela.
Olhem a formação do que se encontra em representação política, e seus seguidores coxos, o que escrevem hoje com esse veículo plural ao alcance de todos e com o estigma inquestionável que nos reporta Umberto Eco, a imbecilidade. O que podemos querer? Com razão a acadêmica notável.
Isso invade uma pátria e se reduz à insignificância, e torna o país insignificante. E a igualdade nesse tom é o hino da insciência. Língua, território e raça, tríade que é sustentação de uma nação, dizia Pedro Calmon.
Nosso reflexo político é o retrato da ignorância que se alastra, é absorvida por iguais que galvanizam como depositários, e repetem a surra que leva nossa língua e arruína o pensamento. Estamos debruçados nesse balcão de linchamento chamado internet, é o grande testemunho.
Não há concatenação, pedir evidência, grau máximo da certeza em equações de lógica seria inverter a própria lógica, como “ensacar vento” e outras mágicas.
Assumida, compactada nesse bolo fétido que se mescla em nosso sistema bicameral e nos cargos do vértice dos Executivos de entes federativos, ela a língua, cria e faz evoluir o pensamento.
Não há causa sem efeito. Depois da total ignorância de dignitários (vocábulo pomposo para a investidura de ignaros), que não conseguem observar singular e plural, grafias singelas ou concordâncias que não violem o sentido, praticadas por pessoas que ocuparam altos cargos, e não conseguem formar um período ligando com lógica duas enunciações de forma razoável, fica claro que Nélida Piñon não só tem razão, mas escancara qual é o problema maior de nosso país, a ignorância.
Não há conteúdo sem forma viável, não há pensamento político normal com língua escrita e pensada sendo veículo com absoluta anormalidade. O retrato está posto para quem quiser ver, e tendo disfunção educacional não assimilar, como de costume. É o fermento desse bolo intragável.