NESTOR TANGERINI E A REVISTA "O ESPÊTO"

CARICATURAS CUBISTAS DE NESTOR TANGERINI

Nelson Marzullo Tangerini

Em 1947, surgia, no Rio de Janeiro, Capital Federal, à época, a revista de humor e sátira “O Espêto”, fundada por Nestor Tangerini, Lourival Reis (o Professô Zé Bacurau), Aldo Cabral (compositor, teatrólogo e poeta) e Maurício Marzullo, revista esta que viveria apenas um ano, em virtude da precária situação financeira de seus editores.

Na referida revista, Nestor Tangerini publicava caricaturas cubistas, crônicas, sonetos, trovas e esquetes teatrais, em meio a sonetos e crônicas de Aldo Cabral e Maurício Marzullo, bem como poemas escritos em baianês pelo Professô Zé Bacurau.

Com entusiasmo, Maurício Marzullo, advogado, cronista e poeta, viu o surgimento da revista, quase nunca lembrada por aqueles que pesquisam a história das revistas de humor brasileiras. Geralmente, as referência são as revistas Careta ou O Malho. E foi por isto que as caricaturas cubistas de Nestor Tangerini ficaram conhecidas, apenas, dentro de um grupo restrito.

Eis o texto de Maurício Marzullo (MM) para a revista, que fecharia suas portas em 1948:

“HAPPY BORN”

Há um ano, precisamente, ante a ansiada expectativa de seus pais – Dr. Bom Humor e Dna. Jovialidade -, nascia ‘O Espêto’, com todos os traços característicos dos queridos papás.

Como sói acontecer, várias dificuldades tiveram de ser vencidas para que o ‘ridente’ pimpolho se criasse e crescesse.

Às vésperas de vir à luz, por exemplo, em face de certos imprevistos, à última hora surgidos, a data da grande efeméride teve de ser adiada, o que fez ser aguardado com redobrada dose de nervosismo.

Felizmente, Ei-lo que surge,: lépido, fagueiro, jovial, destinado a vencer no mundo literário brasileiro, dada a sua verve e robustez de espírito, pois o maroto é cheio de ‘arte’ e ‘manha’. ..

Nós, que o vimos engatinhar, a fazer as primeiras ‘gracinhas’, risonho, brejeiro e feliz, muito nos ufanamos de vê-lo já tão ‘grande’, apesar da pouca idade!

O público, que o recebeu de braços abertos, coração às largas, muito contribuiu, e grandemente, para que o “nosso” rebento não morresse de frio, à míngua de ‘agasalhos’.

Portanto, Público e nós outros, irmanados, rejubilemo-nos com o primeiro aniversário d´’O Espêto’, para a glória de seus pais, - o Bom Humor e a Jovialidade!

E avante, que o ‘garotão’ promete..."

Na revista ‘O Espêto”, assim, com acento circunflexo, ortografia da época, Nestor Tangerini, um escritor compulsivo, publicava seus textos com os mais diversos pseudônimos: Conselheiro Armando Graça, José Oitiçoca, Tangerini, Dom T, T, XX Mirim, Madame Xaveco, Humberto dos Campos, Benedito Mergo Lião, entre outros.

Na década de 1920, quando morava em Niterói, antiga capital fluminense, Nestor Tangerini participou ativamente da vida literária da Cidade Sorriso. Além de participar do legendário Café Paris, publicou textos na imprensa fluminense com os pseudônimos João da Ponte, João do Paris, João de Niterói e Bergamota.

Todo este material está reunido nos livros “Nestor Tangerini e o Café Paris”, de minha autoria, e “Na Taba de Arariboia”, da Editora Nitpress, e Humoradas..., Sobre o beijo, Dona Felicidade e Cinco Sentidos, da Editora Autografia.

Em “Caricaturas Cubistas”, livro que ora publico, trago um pouco do caricaturista Nestor Tangerini, nunca lembrado pela imprensa brasileira e historiadores.

Espero que gostem deste novo livro em que trago à luz mais um pouco da arte deste grande artista.

PREFÁCIO DO LIVRO “CARICATURAS CUBISTAS”

DE NESTOR TANGERINI.

Arquivo das famílias Marzullo e Tangerini.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 25/10/2020
Reeditado em 25/10/2020
Código do texto: T7095713
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