CRÔNICA DE DOMINGO.
AQUELE OLHAR.
Aquele olhar tão penetrante que repentinamente invadiu todo o meu ser, a minha alma, o meu coração. Em um instante, um único instante em que aquele mágico olhar devastou todo o meu universo interior. Tudo ficou confuso, o meu ser que já não tinha certeza de nada, ficou ainda mais incerto. A sensação que prevaleceu era de que aquele singelo olhar, de repente, passou a representar toda a minha existência. A vida passou a ter sentido, beleza, o mundo passou a ter cores, a música passou a fluir em todas as direções com todos os seus belos acordes.
Tudo era amor, tudo era amar.
Aquele olhar… O que ele representa afinal?
Embora eu soubesse a razão da sua existência, de repente, em uma fração de segundos, tudo ficou embaralhado. Eu a vejo todos os dias, no entanto, nunca a enxerguei em todos esses anos. Agora já não sei mais o que dizer, tudo é diferente, ela está diferente, eu estou diferente, somos a mesma pessoa, mas, profundamente diferentes . O olhar parece outro, o sorriso também, existe qualquer coisa de maravilhoso demais naquele olhar. É como se o olhar pudesse atingir a profundidade da minha existência. Ela passa por mim todos os dias, ao aproximar-se, sinto como se um vulcão fosse explodir dentro do meu peito.
O motivo de tudo é o olhar.
O que será isso afinal?
Talvez seja loucura, paranóia da minha cabeça, bem que poderia ser verdade, mas, até a paranóia seria perfeitamente aceitável nesse caso, verdade é, que tudo aconteceu dentro da minha cabeça. Insanidade… Blá, blá, blá, já não me importo com o que dizem.
Aquele olhar de todos os dias, como evitar tanta magnificência, tanta candura. Ela nem percebe os desejos que há no meu ermo olhar.
Somos confidentes quando nossos olhos se cruza, ela, tão simples, revela o seu mundo de maravilhas e encantos, a simplicidade de sua juventude me eleva às nuvens, eu, sou apenas tempestade, nuvens negras, solidão, deserto. Estou sendo consumido pela tristeza, dia após dia, é justamente naquele olhar que encontro um lampejo de qualquer fragmento do que venha a ser luz no final do túnel.
O ano está findando, trás consigo os males da caixa de Pandora, eleições, preços altos, desemprego, o fantasma do vírus Chinês, e tudo mais que for de ruim. A impressão é de que ninguém percebe nada quando na verdade tudo está nu perante muitos olhos cegos.
É aquele olhar, sim, aquele olhar de todos os dias, vestido de majestade, cheio de cores vivas e cintilantes, olhar que me convida a escrever essas alvoroçadas e fugitivas palavras, que em breve serão jogadas ao vento. Talvez você esteja entediado, amigo leitor, sentado em alguma mesa de bar, ou na confortável poltrona da sua casa, sei lá… Ou em qualquer lugar que te agrade, talvez como este vos escreve, os dias são todos nublados, ainda sim, imagino que diante de teus olhos também tenha ' algum ' radiante olhar, como esse de que tanto falo nessa crônica.
Permita-me um momento de silêncio, estarei de olhos fechados após o término destas mal traçadas linhas, pois diante de mim está… ' Aquele olhar'.