As aventuras de Antônio Bacamarte contra o Turbante Vermelho

Boa tarde meus 23 fieis leitores e demais 36 que de vez em quando vem até essa minha biblioteca literária ler minhas melhores crônicas do passado. Recordar é viver! E eu voltei a tempos idos por esses dias.

Voltei a uns 15 anos, acabara de fazer 40, de quando assinava uma coluna semanal em um jornal daqui de Charky City, o "Regionavisen" (A Região). Fui fazer umas pesquisas para escrever um texto para outro site e me deparei com aqueles jornais antigos, de um momento literário muito bom e prazeroso, numa redação muito jovem, unida e avançada. No meu latifúndio literário falava de muitas coisas, crônicas sobre assuntos locais, esse tipo de lance. E tinha um cara lá que assinava como Turbante Vermelho e numa coluna chamada Tapa Furo. Já dá pra imaginar, né?

Pra quem é mais antigo nessa lida jornalística, sabe que no velho esquema, de montar as páginas, às vezes ficavam "buracos" na diagramação, ou seja, as matérias não ocupavam todo o espaço físico disponível e então havia de se colocar algo ali para "tapar o furo", daí o nome da coluna do Turbante. E o que ele colocava ali? Mulher pelada!

Tá exagerei, não eram peladas, mas seminuas, ou seja, valia peitinho. Eh eh eh eh eh, é, há 15, 20 anos atrás, tu colocava peitinho em jornal - era, na verdade, uma forma mais apimentada daquilo que o saudoso Carlos Nobre fazia na Zero Hora dos anos 1970/80 -. E lá ia o Turbante Vermelho, fazendo sucesso com a Tapa Furo entre o macharedo. Buenas, eu não poderia deixar isso barato, né? Eu me revirando em fazer crônicas legais e o cara me passar a perna com peitinhos de fora e textos abobados mais minúsculos que as tangas das gurias que lá saíam. O que fazer?

Bom, eu não iria colocar mulher seminua na minha coluna, que seria cópia, então resolvi colocar... homens seminus! Sim, exato, eu investiria na mulherada! Logo, tive de buscar assessoria especializada no assunto: a secretária do jornal, a Dayse, garota esperta, 25 anos de praia, baladeira, das minhas confirmadas. Então a Day, com toda a boa vontade e gula desse mundo, buscava na internet os gatos para eles miarem na minha coluna e a mulherada suspirar. Grande Day, funcionou muito bem!

Como o Turbante não escrevia, não tinha como competir de igual pra igual comigo, então partiu para o ataque baixo e direto - o nosso jornal era um barato, tu podias avacalhar com a coluna dos outros, tudo era permitido e terminava no bar e na banca, com a gente bebendo e o jornal vendendo -. Por incrível que pareça, os leitores adoravam esse tipo de coisa, que a gente fazia no improviso e na cara dura, sem pesquisa nem nada, só na intuição e no divertimento. E o Brother, o dono do jornal, era um cara riponga, liberal e muito criativo, ele dava toda a força, queria coisas "diferentes", fora do convencional. O Teacher Charles e o Kleywir eram outros colunistas do Regionavisen, bem heterodoxos também. E o pior é que o jornal era sério, tinha notícias de política, social, geral, esporte, cultura, etc, eh eh eh eh.

O Turbante vinha com os peitinhos, eu atacava com os abdomens tanquinho; ele vinha com suas tanguinhas ginecológicas, eu com sungas escandalosas ou então com toalhinhas que tapavam o mínimo (ou o máximo, sei lá o que tinha por baixo, né). Então ele começou a bater abaixo da cintura dizer que a minha coluna era homossexual, não feminina. Eu, na defesa, respondia que eu era o único colunista heterossexual que fazia uma coluna bissexual em Charky City, era a vanguarda jornalística do pedaço; no ataque, dizia que ele era um guri onanista que demorava no WC da casa dos pais dele. Cara, que baixaria, mas era muito engraçado e até torcidas organizadas pintaram. As pessoas estavam precisando e querendo aquele tipo de coisa, pareceu.

Por fim as piadas foram cansando e ficando sem graça e eu resolvi, depois de uns três meses, coisa assim, dar por encerrada a farra, até porque eu era um cronista de respeito e conceituado na minha cidade, mesmo que considerado ousado e extravagante, por vezes.

Eh, tempo bom, saudade da redação do Regionavisen, do Brother, da Day, do Kleywir, do Teacher Charles e do Turbante Vermelho e das mulheres dele, que devem estar todas balzaquianas ou tias, agora - algumas estão legais ainda, andei conferindo -. Essa parada, todavia, eu acho que venci, ele não esperava que eu fizesse aquilo, eh eh eh eh eh.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

Mais textos em:

http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".).

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 23/10/2020
Reeditado em 24/10/2020
Código do texto: T7094474
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