DRAMA DOS NORDESTINOS
DRAMA DOS NORDESTINOS
“Deus jamais esquece seus filhos amados, mesmo que o homem seja o viés do orgulho da ganância e da falta de amor ao próximo”. ( Antonio Paiva Rodrigues).
Desde o descobrimento do Brasil, que os nordestinos convivem com o dilema da seca. Sem água, sem comida, sem perspectiva e sem ajuda do governo Federal. Useiro e vezeiro no uso minoritário dos carros pipas e do “me engana que eu gosto”. A indústria da seca é a que mais rende para os governos nordestinos, em conta-partida os políticos de um modo geral lucram com esse tipo de sofrimento cruel e desumano. Enquanto, no labor caloroso da discussão pela aprovação da CPMF ( Contribuição ‘Provisória’ sobre Movimentação Financeira) milhares de crianças e idosos morrem a míngua, de fome e sede, desnutridos, sofridos, castigados pelas intempérieis do sol causticante nos mais longínquos rincões do Nordeste brasileiro. Com a gravidade caem as folhas, os frutos e os galhos ressecam tornando a paisagem antes verde, em amarelada pelo aumento substancial da temperatura e escassez de chuvas. O vento passa e levanta poeira, as folhas secas mostram o quadro doloroso e infernal que vive o sertanejo nordestino. Até quando viveremos essa angústia?
Queríamos algumas desculpas tão raras e delicadas, mas não existem, visto que o caso é a falta de vontade política e o lucro com a desgraça alheia. Na velhice, na grave idade que definimos, segue o destino, animais de pernas fracas e bambas caem e não levantam mais, é a fraqueza da fome e da sede, que dizimam rebanhos inteiros sem dó e piedade. A psicosfera continua a mesma, entra ano e sai ano e o écran não se modifica, nos brs- o- brós, a tristeza é uma só. Em cada peça, um pedaço de nós, em cada passo, um pedaço da vida se esvai, mas a força, a garra desse povo alquebrado, suado e de pés rachados vai ao encontro do líquido precioso, a milhares de quilômetros. A sobrevivência fala mais alto. As crianças em pranto é a cantilena das pobres moradias, encravadas no solo árido e seco do sertão que Deus lhes deu. Em cada abraço, um pedaço de afeto, em cada aperto de mão está um desafeto. Os sistemas param quando alguém chora, pois o choro é um sentimento etéreo, lá na capital Federal os homens de paletó não se dão ao amor e injetam morfina em seus corações, para se tornarem insensíveis aos sofrimentos de nossos irmãos.
Senhores políticos aprendam a receber o irmão que te solicita atenção e carinho. Muitas vezes, os seus pedidos reiterados soarão aos seus ouvidos como impertinência contumaz. Olha-o com compaixão e não o despreze, pergunte-o qual foi sua alimentação e seus ouvidos ouviram o roncar de um estomago vazio, que nem a farinha com açúcar tinha para saborear. Debruça-te sobre o sofrimento de seu irmão calejado, sofrido, do mesmo modo como o Sol se debruça sobre a Terra, e, sem nada dizer, expressa seu amor, na fecundação das sementes que hão de florir, enfeitando os caminhos, ou frutificar, garantindo o pão. O mesmo Sol que afaga, aplaca. Quando se debruça demais sobre a Terra ela geme, chora e suas lágrimas evaporam dando lugar à sequidão. Assim, o Sol se manifesta no Nordeste sem clemência, mas o antídoto refrescante está nas entranhas da terra. É preciso sim que esse antídoto brote através da irrigação gotejante, iguais aos olhos dos nordestinos, que vertem lágrimas, mas a força é impotente e caem a seus pés e nem chega a molhar o chão. O tempo passa, o povo se desgasta, as esperanças morrem e renascem a cada ano na esperança dos céus brotarem a água bendita da vida na quadra invernosa e milagrosa para os cidadãos nordestinos. Os homens insensatos sentado aos seus gabinetes discutem traçam planos que do papel não saem, pois a corrupção maligna impede que a felicidade renasça no coração dos desesperados. Aproveitando uma mãozinha amiga de uma pessoa querida chamada Marlene Pacheco Vieira, diremos: Vou esperar que os pássaros, ao amanhecer comecem o seu canto, para aprender com eles, a canção virgem pronunciada pelo vento, e jamais traduzida em pensamento. O que não aprendi nas promessas de políticos que só querem molhar o bico. Ao entardecer, com o piar dos pássaros no retorno aos seus ninhos, aprender no aconchego que a vida é bela, que vale a pena a canção dos pássaros a linguagem das flores, dos amores, pois o bem maior é viver. Bela formatação da vida que não deve ser esquecida, mas esses labores só serão possíveis com o líquido da vida. A água bendita que nossos irmãos sertanejos tanto imploram e que uma solução viável seja tomada com urgência. Visto que a clemência perdeu as forças e com elas milhares de anjinhos, que hoje se encontram debaixo de sete palmos de areia. Vitimados pela inclemência daqueles que prometeram mudar o aspecto macabro, porém esqueceram que sem água e comida não existirá vida. Saco vazio não se porá de pé, em tudo quanto que é cor pode se tornar em dor na imensidão de nossos corações.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE