Inacabados
Nos preparamos para tantas coisas, superamos tantos limites, e nunca estamos prontos. A reconstrução dos conceitos e a evolução do espírito são constantes. O aprendizado faz parte do relógio biológico, e quem não aprende com a vida, o tempo ensina. Muitas vezes, de uma forma cruel e insólita. E nem sempre o corpo suporta a intensidade da dor, pois é uma carga de alta tensão, que fragiliza os sentimentos, provoca ranhuras e afeta a realidade.
Essa nova realidade é vazia, sem sentido, sorrateira e permissiva. Comporta-se como anfitriã no baile da saudade e dança com a dor sem reservas. Não é fácil seguir em frente, não mesmo! Ainda mais com as feridas abertas e contaminadas pelas lembranças boas ou ruins. Tudo é uma questão de perspectiva, depende da situação vivenciada; de qualquer forma, os sentimentos ficarão em alerta.
Por mais que tenha-se um embasamento teórico, a prática é coisa de pele. Só quem experimenta as sensações pode senti-las. Não se comanda o coração, nem se controla as lágrimas; bem como, não se retarda a grande partida. Neste sentido, ninguém é imortal. O que reforça a condição da fragilidade humana diante da dor. E por mais aparato tecnológico, especialização do conhecimento, dilatação dos pensamentos e esperança compartilhada, é impossível controlar o sofrimento.