O NEGRO É SEMPRE À VÍTIMA?
Recentemente, o filósofo, advogado e professor Silvio Almeida (que coincidentemente foi meu professor de direito na faculdade) foi o entrevistado do programa Roda Viva da TV Cultura para falar sobre racismo estrutural. Considerado atualmente um dos principais porta vozes do movimento negro e antiracista Silvio, como lhe é de costume, deu uma ótima aula a respeito do assunto. Falou sobre o racismo e suas múltiplas facetas, como, por exemplo, econômico, institucional e social. Disse ainda que não basta apenas o negro ter representatividade na sociedade, pois se as estruturas de poder (nada Foucaultiano, né? rs) não forem superadas o racismo jamais o será. No entanto, o que me chamou atenção na entrevista é algo que ele não disse ("normal" para quem é de esquerda), ou seja, da responsabilidade que a própria pessoa negra tem ou não no que diz respeito a sua ascensão econômica/social. Embora não tivesse dito com essas palavras, a lógica por trás da fala dele era a de que a pessoa negra não tem praticamente nenhuma responsabilidade pelos seus atos de ação ou de omissão. É como se decisões, vontades, marginalidade, pilantragens, família desestruturada, safadezas éticas, sexuais e morais, não fossem também critérios determinantes para que a pessoa negra não saísse da sua condição de vulnerabilidade social. Concordo com muito da sua fala, mas o negro é tão ser humano quanto é o branco em seu aspecto psicológico humano. Enfim, focar o racismo apenas no quesito econômico, a meu ver, é reducionismo que inevitavelmente irá gerar também excessos de vitimismos.