Mentiras Sinceras.

E eu até poderia desaparecer, não ligar mais, não mandar mensagens nem scraps nem aquele oi sem graça no horário de trabalho ou quando você finalmente viesse, tergiversar até que tudo caísse na frigidez de alguma coisa que aconteceu mas estamos encabulados demais para perguntar. Mas não seria justo.

E eu até poderia dizer que não dava, porque eu tinha acabado de sair de um relacionamento conturbado, estava ferido demais de tantos tiroteios emocionais, diários e repetidos, naquela rotina masoquista de mágoas e desapontamentos, talvez se fosse num momento mais favorável e. Mas seria mentira.

E eu até poderia alegar que sou possessiva, deprimida, insone, maníaca, viciado em qualquer coisa lícita porém moralmente degradante, infiel, corrupto, desalmado, temperamental ou mal-humorado, resumindo tudo na clássica "a culpa é toda minha". Mas seria errado.

E eu poderia escamotear todas nossas conversas até encontrar alguma falha grave de caráter ou comportamento, reclamar das inconstâncias de sua mãe, das incoveniências de sua irmã, da cor do seu cachorro, da marca da sua pasta de dentes, do seu emprego, seu comodismo, do ângulo obtuso dos seus dentes e resumir na clássica "a culpa é toda sua". O que não é fato.

Só sei que no final das contas só sobrou a verdade. Ela, nua e crua. Cruel como um soco no estômago, daquelas que dá vontade de ajoelhar no chão e vomitar sangue, em pequenas quantidades. E no final das contas, ela não seria útil nem a você, nem a mim.

Mas dizem que a verdade liberta, por mais dolorosa que ela seja. E assim fiz.

O resto, agora, é história.