Que dizes de ti mesmo?
Então me perguntaram, “quem és tu”? Subitamente me recordei de ter lido uma indagação algo semelhante no evangelho de João, sacerdotes e levitas querendo saber se João Batista era o Cristo.
“Sou a voz daquele que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor!” Eis a resposta ao “quem és tu” de João o batista. Quanto a mim, obviamente que não sou o Cristo, nem o Profeta, nem Elias. Digo de mim mesmo que sou um bobo alegre! Porque descobri que atravessarei a tudo, mesmo daqui cem anos terei uma nova forma, a qual minha imaginação não pode conceber, tamanho esplendor, um luminar a existir de etapa em etapa. É como se me sentisse um eterno vencedor, não o vencedor mundano, que atribui a vitória ao sucesso material, e sim um ledo buscador, que enquanto busca, tem a certeza de que, durante a peregrinação que jamais termina, já encontrou e vai recolhendo muitos pedacinhos do Átman eterno e assim, confiante de que absolutamente nada pode me intimidar ou prejudicar, sigo adiante. Eis o meu depoimento, breve, infantil e desimportante, porém, escrito por um bobo com um sorrisinho estampado no rosto, a observar nuvens no céu e um sensor de vento girando à toda por causa da ventania que antecede às tempestades de verão.