O ataque do galo

Alguns aqui sabem que tenho propriedade rural, o que poucos imaginam é que trabalho lá também. Digo isso, pois sou advogada e formada em gastronomia. Então é três em um literalmente.

Ontem fui para minha propriedade, e percebi que era necessário podar meus canteiros de tomates cereja - aqueles bem pequeninos que são endêmicos do noroeste do meu estado ES.

Ok, peguei minha tesoura de poda e fui fazer o serviço, podando os tomateiros lembrei que minhas galinhas gostam dos tomatinhos, então fui jogar no galinheiro a poda feita. Quando estava dentro do galinheiro o galo me atacou, da primeira vez, nem percebi o ataque, achei que o dito cujo tinha se assustado comigo, quando me virei ele veio com tudo, aí sim, percebi que a coisa era séria.

Ele com prováveis cinco quilos e um ano, eu com prováveis 63 quilos e 53 anos, o ringue no galinheiro, eu joguei a primeira coisa que vi na frente pra cima do galo, e ele desviou e contra-atacou com seus magníficos pés e quem conhece sabe que galos têm uma "espora". O danado quase me derruba, mas consegui me desvencilhar - não antes de um belo arranhão, diga-se, e achei um pedaço de pau.

Gritei com ele:

_ Ei, nunca apanhei de macho nenhum, não vai ser você o primeiro! (Afinal odeio violência contra a mulher)

E munida de um belo pedaço de pau continuei a briga por longos quatro rouds, saindo vitoriosa, e ele querendo se esconder debaixo do pinteiro (local para cria de pintinhos).

Mas já era tarde demais, eu estava realmente com "sangue nos olhos", lacrimejando finalmente chamei a moça que trabalha comigo e cria todos os bichos como pets, e disse:

_ Vou matar esse louco a pauladas!

Ela comovida pelo galo, resolveu interferir e salvar o dito cujo.

Salvar momentaneamente, imediatamente liguei para um amigo e perguntei se queria o galo, claro!!!! Presentão!!!!!

Amarrado foi depois pra panela, que é lugar quentinho.

Haimmmm, tadinho.

Entre mortos - ele, e feridos - eu, estou toda arranhada, unha quebrada, não comi o desinfeliz por pura raiva.

Criei, alimentei desde pintinho, dei água da melhor qualidade, moradia digna, várias companheiras, umas galinhas que sequer me defenderam, e ele me retribui assim? Pra panela que macho não me bate!

E já visei as viúvas, o próximo que me respeite, senão ficarão solteironas a base de ração de postura.

E não me venha cantar de galo, no meu galinheiro mando eu.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 20/10/2020
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