Saudade de abraçar
Saudade de abraçar
Quando será o novo dia do abraço?
Quero abraçar a vida, a liberdade, sentir o vento no rosto, o pé descalço na terra. Sentir, de perto, cheiro das folhas das árvores, a mão no ombro, ouvir no outro as batidas do meu coração.
Doce é o sabor do abraço... o aconchego é calmante, o calor da mão do outro é segurança e proteção. Mas, onde foi parar tudo isso? Ninguém quer saber mais das distâncias, não sabemos mais como é estar perto, compartilhar a merenda, dividir as angústias, repartir os sorrisos...
Desistir da espera é desistir de estar seguro. As paredes de nossas casas nos consomem... a espera nos atormenta...
Quando chegará a minha vez? A vez de me comtemplar, novamente, nos olhos do outro, de ver minha imagem refletida nas vitrines das lojas, minha sombra crescendo e diminuindo no chão das ruas de terra batida?
A vez de compartilhar o abraço, compartilhar piadas, risos, sonho e planos.
O momento exige que estejamos separados, mas a vida tem pressa de nos juntar novamente...
Quando poderemos estar livres das máscaras, da higienização, da insegurança e do medo? Quando poderemos ir e vir, livres... sem colocar em rico a minha e a vida do outro?
Esse dia chegará, certamente, pois somos cidadãos do mundo... donos da terra... perseguidores da liberdade... e portadores de abraços...
Nalia Lacerda Viana, 20 de outubro 2020