A MOÇA TRISTE

Nesta noite, no ponto do ônibus, uma moça chorava

Tentava se conter, tentava disfarçar

Não conseguia

As lágrimas teimavam em rolar.

Discretamente, eu tudo via

E fingia que não percebia

Outros transeuntes, de rogados não se faziam

Olhavam fixos pros olhos da moça, aumentando sua agonia.

Sem lenço na bolsa

As costas das mãos acudiam

Secavam seu pranto em vão

Aquela aflição não cedia.

Apiedei-me dela, quis ir até lá

Mas eu sabia que não devia

Assustaria a moça, causaria estranheza

E minhas palavras soariam vazias

Neste instante, meu ônibus chegou

E, por pouco, eu quase não subia

Queria ficar ali, de longe, cuidando dela

E, mesmo no anonimato, fazer-lhe companhia.

O veículo partiu devagar

E eu parti com o coração partido

E, ao longe, através do vidro, eu ainda a via

Ela nunca saberá que levei parte de sua tristeza

E que nenhum outro estranho desejou tanto sua alegria.

Robson Cassimiro
Enviado por Robson Cassimiro em 19/10/2020
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