IMPARCIAL SIM; NEUTRO JAMAIS!

O professor tem o dever de ser sempre ético; isento nunca!

Claudio Chaves

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O “COMUNISTA do PT”, Paulo Freire já dizia: “Não existe tal coisa como um processo de educação neutra. Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das gerações na lógica do atual sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a ‘prática da liberdade’, o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo”.

HÁ GRANDE diferença entre “não ser” e “não assumir que se é”. Noutros termos, costumo defender que a facultatividade do professor se limita à escolha do tipo de graduação (se bacharelado ou licenciatura), não chegando a abranger o espectro de sua atuação – este é apenas uma consequência natural (da escolha anterior). Assim sendo, a decisão que compete ao professor quanto ao exercício da docência é apenas o tipo de político que ele será em sua rotina laboral (se de transformação ou de conformação), e não se será político ou apolítico, como muitos gostam de se identificar.

POR TODO o arcabouço teórico que temos no universo acadêmico mundial, fartamente corroborado pela prática docente, é perfeitamente possível (e, por que não dizer, salutar e necessário) afirmar que, sim, todo professor é um militante (agente ou sujeito, se preferir) político, tendo ele consciência disso (e se assumindo como tal) ou não – esta é uma condição tácita, inerente e indissociável de sua formação, independentemente da função que exercerá.

TENTAR ignorar ou relativizar sua realidade de sujeito político é, para o professor, tão possível e eficaz quanto para um animal ruminante, por exemplo, tentar ignorar sua condição de herbívoro. Nenhum professor escolhe ser professor e político – essa expressão, aliás, seria um pleonasmo. O professor é, se reconhecendo assim ou não, um agente político. E, como tal, é completamente falsa a premissa da neutralidade.

DE FORMA um tanto mais coloquial, já afirmei (e, aqui, ratifico) que neutro é detergente. Professor é libertador ou opressor. A [suposta] neutralidade, quando não é dissimulação, é alienação travestida de isenção. O tão evocado apolitismo de muitos é, na verdade, o eufemismo perfeito para dissimularem sua colaboração (conscientemente ou não) com o status quo da sempre vigente (e sempre indecente) ordem social, política e econômica hegemônica. Isso é, em sentido biológico mesmo, insuportável!

ATÉ QUANDO, voluntariamente, fecharemos os olhos para a realidade gritante, presente e permanente de que escola, currículo, formação docente... nada disso é neutro, casual ou natural?! Até quando fingiremos estar de consciência tranquila quando sabemos, ao nos omitirmos nos momentos em que nosso posicionamento (politico) é mais imprescindível – como o atual –, que estamos assassinando (ou, na melhor das hipóteses, nos acumpliciando com os que assassinam) o que de mais valioso e imperioso têm as meninas e meninos das camadas mais exploradas e renegadas de nossa sociedade: a esperança de um futuro com o mínimo de dignidade, ao lhes negarmos o direito a uma educação minimamente decente – e isso quando sabemos, todos, que não é por falta de condições nem materiais nem humanas, mas simplesmente de vontade? Até quando?!

PORÉM, como sempre diz certa pedagoga “comunista” de Laranjal do Jari, “SIGAMOS!”

Paulo Freire – mesmo sendo “comunista do PT” – presente!