Cafés dizem Boa-Noite II
Respostas clichês não me convêm, perguntas sem objetivo, também não me convêm.
E da real existência? Qual é o clichê e o objetivo?
O topo, ser top, ser pop, o que há de melhor no mundo, ser admirado, invejado... Desculpe, não entendi!
É por isso que faço mais uma afirmação quanto á faculdade: é um lugar no mundo em fazer contrastes, colocar os opostos do mundo frente a frente. Quer ver só?Muita gente está lá dentro porque o pai paga, e exija que o filho seja diplomado para manter o status do sobrenome, da família, mas sempre há uma laranja podre no cesto, tem de haver, é regra geral, é anormalidade que todos estejam, sejam “certos”. E há o malandro, vagabundo e além de tudo burro, que insiste em colocar dinheiro fora, sendo que não está nem aí pro seu curso, trabalho e exigências que o mesmo procede. Se você está cursando uma faculdade, quer algo da vida, e é isso que me deixa muito contente, porque é quase como uma união, significa que mais pessoas têm o mesmo objetivo que eu, chegar a algum lugar! Mesmo que o meu seja para o norte e do deles para o leste, é alguma coisa. O contraste então se dá quando se paga as mensalidades e se vive de farra, tirando notas baixas... Mas eu conheço pessoas que conseguem muito mais que isso, porque elas são mais que isso... A dama do café preto! Sim o nosso segundo café demorou, mais saiu, ela tinha prova de foto, eu tinha uma aula chata, e quase não encontramos ninguém. Daniella, Talita, onde estavam as minhas outras musas? Bem, estava a fim de pagar para todas, mas era só eu e minha presidiária favorita, a pantera!
E falando em pantera, dois de meus ícones virtuais estavam reunidos, era merecedor de troféu aquele encontro. Lílian Phillipi, e Jéssica Feller, conversando e pitando seu fumo, desvendando os mistérios do mundo... me paraceu por instantes ouvir aqueles tijolinhos falarem comigo: “Elas estão por aí, já estão voltando”. Mas os tijolinhos causavam gripe, e a presidiária já estava gripada, evitemos maus tratos mentais – “PAREM DE SUSSURRAR TIJOLINHOS!” – Há tempos atrás achava um tijolo a vista um artigo de luxo, de extrema elegância, assim como bolacha champanhe, caneta glitter e palmito em conserva. Hoje como palmito quase todos os dias se quiser, odeio caneta glitter e tijolos a vista me cercam na fortaleza de falsa sabedoria. Como as coisas passam, a vida muda e a gente cresce, eu estou crescendo e prova de que tudo que eu já passei foi bom, é que tenho saudades. E hoje tenho que viver esse presente mãos do que nunca, porque passa rápido, as pessoas vão e vem na nossa vida como a chuva, as verdadeiras, as de verdade ficam mesmo depois que passam, e a saudade prova de que gostamos...
Procuramos por brócolis, rimos dos guardas, a Binha sempre zoando com aqueles guardas coitados, mas a chuva caiu e tivemos de cessar a busca, a presidiária estava gripada, parecendo uma locutora de rádio do interior e sem chuvas, sem gripes mais fortes, mas um bom café. Quase peço o café errado para ela, mas seus ouvidos apurados me corrigem com doçura, e a tampinha mágica também se faz presente... Não sei se estou ouvindo demais, mas parece que ouvi aquele copinho de isopor barato e delicado me cumprimentar. Responder? Sim, mentalmente, pois ele ouviria, os cafés também tem sentimentos, principalmente nas nossas mãos. E se aqueles cafezinhos falassem, quantas histórias de futilidade e felicidade iam contar!
Pena ter sido a prestação, parcelado, pois a Daniella chegou só depois e tomou café sozinha, azar o dela, e sorte a nossa! É como diz a presidiária: “Café é muito bom, melhor ainda quando a gente não paga”.
E lá se foi a noite, sexy Daniella de uniforme justo, deliciosa, pena ter perdido o dia da minissaia! (droga), esperar o ônibus chegar... Uma sombrinha aberta, uma fila, tijolinhos se afastando, um beijo, um boa-noite. Até... Boa-noite, seja por cafés ou tijolinhos.
Douglas Tedesco – 10/2007