MINHA MÃE NO MARACANÃ
Sábado, véspera do Dia das Mães, levei minha mãe ao Maracanã. Ela é flamenguista, tem quase 70 anos, mas nunca tinha ido lá.
Primeiro jogo do Campeonato Brasileiro de 2017.
Flamengo x Atlético Mineiro.
Atlético forte, com Victor no gol, Fred, Robinho, Cazares, Otero, Elias e companhia limitada.
Eu sabia que o jogo seria duro.
Minha mãe ficou apreensiva com a multidão: mais de 50.000 pessoas no estádio. Ela nunca antes estivera num lugar com tanta gente. Seu desconforto era notório. Depois, tomou uma água e foi relaxando.
Achou o estádio bonito, o verde do gramado e gostou da torcida cantando em uníssono.
“- Caramba, cara, isso aqui é muito grande!”, disse após um giro de 360 graus.
O jogo começou. Aos 23 minutos, o garoto Matheus Sávio tentou cruzar uma bola na área, mas ela foi parar mesmo dentro do gol. Gol do Flamengo! Uma alegria só! Todo mundo indo à loucura, mas minha mãe vibrou de modo contido, só levantando os braços, com medo do gigante que tremia. Natural. Com 50 mil pessoas, o Maracanã treme mesmo.
No intervalo, ela foi ao banheiro, bebeu mais água e quis trocar de lugar.
No segundo tempo, o Atlético voltou massacrando! Depois de muitas chances perdidas, aos 14 minutos, Elias mandou um petardo no ângulo esquerdo de Muralha, após bela jogada de Fred. Gol do Atlético!
Um cara, atrás de nós, gritou um palavrão impublicável. Minha mãe balançou a cabeça negativamente, lamentando, enquanto Muralha buscava a bola no fundo das redes.
Jogo franco, aberto, disputado. Minha mãe esfregava uma mão na outra a cada lance de perigo. Às vezes, ficava de pé para ver melhor. Esqueceu o medo, entrou no clima da partida.
Eu nunca torci tanto para o Flamengo fazer outro gol. Queria que o Flamengo vencesse, menos pelos 3 pontos e mais pela minha mãe. Queria que ela voltasse pra casa sentindo-se vitoriosa, porque ela já sofreu muitas derrotas na vida. Mas deu empate. Ao menos, não perdemos. E, dependendo das circunstâncias, às vezes, não perder já é um tipo de vitória.
Na saída, ela disse que gostou do passeio, mas que não volta ao Maracanã tão cedo: “- É muita confusão, cara! É muito cansativo! Prefiro ver pela televisão.”
Acho que ela não volta nunca mais.
Já perto de casa, paramos no McDonald´s. Ela não quis hambúrguer, só tomou coca e comeu batatas fritas. Disse que vem coca demais no copo, dá para duas pessoas tomarem.