Por hábito, frequento o mesmo supermercado. Poderia dar dezenas de explicações para isso: proximidade, produtos selecionados, rapidez e agilidade das operadoras de caixa, os produtos sem lactose e sem glúten para os intolerantes, as promoções vinculadas à loja de móveis do mesmo grupo (lembrando que nunca ganhei nada), ou apenas porque gosto e pronto.
Depois da pandemia, as minhas visitas até então frequentes, uma vez na semana, agora levam meses. E como a rotatividade de funcionários é muito grande, dificilmente identifico alguém antigo. Embora vez ou outra despinte um sorriso com os olhos, escondido nas máscaras mais inusitadas. Eu retribuo, apesar de não ser muito boa em mímicas, a minha boca fala rindo, não tem sido fácil.
Mas queria mesmo é falar das mudanças ocorridas no estabelecimento desde março e as consequências. O supermercado que até então era considerado “gourmet “ foi adquirido por uma rede.
É estranho, mas a política administrativa é impactante. Lembro-me de, nos primeiros meses, ser primeiramente abordada na garagem. Recebia um folheto, uma máscara descartável e era encaminhada para uma fila cuja distância marcada na vertical era condição para permanência no local. Entravam de dois em dois, e nos corredores eram permitidos apenas quatro pessoas.
O álcool em gel estava na entrada em um suporte que utilizava o pé como gatilho.
Na segunda vez, as marcações tinham diminuído a distância, o folheto não mais existia e o álcool era líquido, sendo utilizado um spray.
Na quarta vez, as marcações foram apagadas, o álcool era responsabilidade da atendente da lanchonete e não tinha nem lotação máxima nem mínima para os corredores.
Ontem, tudo era diferente. Os uniformes mudaram, as sacolas timbradas também, a rampa perigosa não mais tinha um ajudante, os carrinhos agora eram de plástico e na entrada estava uma funcionária, bem vestida, maquiada e com um álcool na mão e um termômetro na outra.
Quando cheguei diante dela estiquei as mãos e ela tentou tirar a temperatura da testa, quando inclinei pra facilitar, ela jogou o álcool líquido. Percebendo que automaticamente o produto voou em meus olhos, ela retirou a máscara para perguntar se havia machucado. Como se não bastasse, a partir da negativa em minha fala, a funcionária decidiu me excluir do termômetro e do álcool líquido e sugeriu que entrasse rápido. Nem entendi o porquê. Insisti, mas ela não abriu mão.
E foi só ladeira abaixo! Desse modo, só rezando pra ser imune ao vírus ou contar com a sorte, até porque se o contágio acontece de 1/3, caso estivesse a atendente contaminada grande probabilidade haveria.
Não sei o que pesa mais, fechar os olhos para a pandemia que não acabou ou a decadência de um supermercado que, diante da crise, foi negociado a preço de banana para uma grande rede, onde a política do mais é mais é aplicada.
Alguma coisa me diz, que talvez seja melhor ampliar horizontes ou sair do lugar comum... É cada uma! Será que os reflexos dessa pandemia permitirão uma luz no fim do túnel? Se houver, que seja de led!
Depois da pandemia, as minhas visitas até então frequentes, uma vez na semana, agora levam meses. E como a rotatividade de funcionários é muito grande, dificilmente identifico alguém antigo. Embora vez ou outra despinte um sorriso com os olhos, escondido nas máscaras mais inusitadas. Eu retribuo, apesar de não ser muito boa em mímicas, a minha boca fala rindo, não tem sido fácil.
Mas queria mesmo é falar das mudanças ocorridas no estabelecimento desde março e as consequências. O supermercado que até então era considerado “gourmet “ foi adquirido por uma rede.
É estranho, mas a política administrativa é impactante. Lembro-me de, nos primeiros meses, ser primeiramente abordada na garagem. Recebia um folheto, uma máscara descartável e era encaminhada para uma fila cuja distância marcada na vertical era condição para permanência no local. Entravam de dois em dois, e nos corredores eram permitidos apenas quatro pessoas.
O álcool em gel estava na entrada em um suporte que utilizava o pé como gatilho.
Na segunda vez, as marcações tinham diminuído a distância, o folheto não mais existia e o álcool era líquido, sendo utilizado um spray.
Na quarta vez, as marcações foram apagadas, o álcool era responsabilidade da atendente da lanchonete e não tinha nem lotação máxima nem mínima para os corredores.
Ontem, tudo era diferente. Os uniformes mudaram, as sacolas timbradas também, a rampa perigosa não mais tinha um ajudante, os carrinhos agora eram de plástico e na entrada estava uma funcionária, bem vestida, maquiada e com um álcool na mão e um termômetro na outra.
Quando cheguei diante dela estiquei as mãos e ela tentou tirar a temperatura da testa, quando inclinei pra facilitar, ela jogou o álcool líquido. Percebendo que automaticamente o produto voou em meus olhos, ela retirou a máscara para perguntar se havia machucado. Como se não bastasse, a partir da negativa em minha fala, a funcionária decidiu me excluir do termômetro e do álcool líquido e sugeriu que entrasse rápido. Nem entendi o porquê. Insisti, mas ela não abriu mão.
E foi só ladeira abaixo! Desse modo, só rezando pra ser imune ao vírus ou contar com a sorte, até porque se o contágio acontece de 1/3, caso estivesse a atendente contaminada grande probabilidade haveria.
Não sei o que pesa mais, fechar os olhos para a pandemia que não acabou ou a decadência de um supermercado que, diante da crise, foi negociado a preço de banana para uma grande rede, onde a política do mais é mais é aplicada.
Alguma coisa me diz, que talvez seja melhor ampliar horizontes ou sair do lugar comum... É cada uma! Será que os reflexos dessa pandemia permitirão uma luz no fim do túnel? Se houver, que seja de led!