Chimarrão, coisa esquisita

Boa tarde meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez passam por esse meu spa literário para se esquentar e espantar o amargo da vida. Sabiam que no Sul do Brasil eles buscam o amargo para espantar o frio? Sim, e eles chamam isso de "chimarrão".

Se tu és do Sul do país tu sabes bem do que estou falando, tchê, mas se não é, pode não saber ou conhecer apenas por alto. Essa crônica, portanto, é para tuzes que não sabem ou pouco sabem sobre o tal chimarrão.

O chimarrão é uma bebida típica de lá, mas é esquisita. Eu achei, pelo menos, embora eu seja da Groenlândia, onde quase tudo é muito esquisito para quem não é daqui, como comer fígado de foca cru e peidar em público. Eles a bebem no ano inteiro, faça frio ou calor, chuva ou sol, verão (para matar a sede) ou inverno (pra esquentar). Inverno de lá, né, que é inverno de faz de conta, pois tem as temperaturas do verão daqui onde, aí sim, temos inverno de verdade, frio valendo. Voltemos ao chimarrão. Nome diferente, né, chimarrão. Não tem muito a ver com a coisa. Vamos a ela.

Sabem o que é um porongo? Se não sabem, vão lá pesquisar. Pois então, eles pegam o porongo que tuzes sabem ou pesquisaram pra saber e o cortam e trabalham ele, transformando-o na "cuia". Com a cuia pronta, eles compram uma erva verde moída amarga, a "erva mate" ou "erva de chimarrão", colocam dentro da cuia - tem uma técnica para acomodá-la certinho - e depois fixam a "bomba" na erva. Calma, calma, os caras não são maconheiros terroristas, a erva não é cannabis e a bomba não é explosiva!

A bomba é um canudo de metal com um bico numa ponta e um círculo duplo e achatado na outra, todo cheio de furinhos. Eles enfiam na erva a bomba pelo círculo, acomodam-na e então colocam água quente. Não tem uma temperatura exata, mas o ponto é quando ela começa a chiar na chaleira. Ato final, eles bebem aquilo pela bomba. O sabor é amargo, claro. Não é ruim, mas também não é bom. Eu nunca gostei, nunca me acostumei, mas a maioria do pessoal por lá adora. É, junto com o churrasco - esse sim, delicioso, adoro - a identidade gastronômica deles (tem também a cachaça azul de Santo Antônio da Patrulha, mas falo outro dia sobre isso, talvez). Se tu ver em qualquer lugar do mundo um cara com um troço desses na mão - e com uma camisa ou do Grêmio, ou do Inter ou do Brasil de Pelotas, equipes de futebol famosas por lá - pode ter certeza: é gaúcho, é um brasileiro do Sul do país, do Rio Grande do Sul.

Isso eu não peço pro Silva me enviar de lá. Nem café brasileiro, pois tem nos supermercados de Nuuk. Ele me manda vinho, cerveja, carne de gado, sal grosso e carvão vegetal, que são os produtos para se fazer o insuperável churrasco gaúcho. Eu sou o único em toda a Charky City - e acho que no país - que tem uma churrasqueira em casa. Tá, mas outro dia talvez eu fale do churrasco e da cachaça azul - essas coisas a brasileirada conhece melhor -, que hoje é do chimarrão, o que sei que até os brasileiros não-gaúchos estranham.

Deixo um link para um vídeo do Youtube mostrando disso do que falei sobre o "chimarrão, para os interessados. Fui. Inté.

Como fazer um chimarrão - https://www.youtube.com/watch?v=dy2gazXsMq4

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".).

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 16/10/2020
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