JULGAMENTO

JULGAMENTO

Como bobo assumido assisto a sessão da nossa Suprema Corte. Os nobres juízes do alto de suas idiossincrasias, vestidos a caráter, com capa e a espada virtual da lei, vão desfiando num português castiço e ininteligível para a maioria dos bobos, seus extensos votos, para demonstrar sua pretensa superioridade e conhecimento. Tomam grande tempo em filigranas inúteis que nada acrescentam ao juízo final, e como desprezam uma palavra chamada produtividade, estão sempre atrasados em suas sentenças, cheias de firulas e erudições despropositadas. Um julgamento, que poderia durar poucos minutos passa a durar dias.

Chama também atenção, os salamaleques e rapapés com que se reverenciam.

A mim, mero mortal, o julgamento do caso do traficante André do Rap, mais parecia uma sessão kafkaniana ou um teatro de Ionesco, com temperos de botequim.

Para concluir, o Presidente da Corte e um dos ministros, puseram-se a lavar suas sujas vestes em público, num deplorável diálogo de surdos.

Como a grande imprensa sempre diz que nossas instituições funcionam normalmente, creio que as disfunções que assisti, são parte da democracia tão alardeada e tão distante das necessidades de um país.

Nesse julgamento rocambolesco saiu um único vencedor, o André, que foi turistar no Paraguai, rindo e debochando da Corte, que deveria ser um baluarte da cidadania de todos os brasileiros. Nós, brasileiros, diuturnamente sofremos escárnios e esse é apenas mais um.

Debemur morti nos nostraque.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 16/10/2020
Reeditado em 16/10/2020
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