Uma escola brasileira resolveu fazer uma pesquisa junto aos seus alunos, na tentativa de montar um quadro estatístico sobre a demanda profissional do futuro com base das profissões já existentes.
A referida organização montou estandes com as profissões, priorizando as que possuem maior status social, embora mantivesse também, as tradicionais.
Haviam salas, criteriosamente organizadas com cadeiras, e é claro, um profissional cuja graduação fosse de acordo com a carreira almejada fixada à porta, por uma placa.
Eram médicos, veterinários, advogados, enfermeiros, artistas, arquitetos, engenheiros, publicitários, jornalistas e professores.
Na sala escolhida para a profissão professor, estava lá uma senhora, 74 anos de idade e 56 vividos em uma sala de aula, delicadamente sentada numa cadeira de professor, aguardando a chegada dos interessados. Para sua tristeza, depois de 25 minutos, da largada para o ofício, permanecia só, isolada, parecia, inclusive, triste, desanimada.
Nas demais salas,  havia um movimento expressivo, visto por ela, pelos basculantes de vidro. No seu olhar, estava também a sua alma embaraçada: por que não tinha ninguém que se candidatasse a professor?
O tempo foi correndo e em sua cabeça um filme foi passando: como nasceu sua paixão pelo magistério, quanto esforço foi necessário, as renúncias, o prazer da doação e por um descuido, num segundo, limpou as lágrimas.
E para sua surpresa, após a aplicação dos testes vocacionais, cada um dos profissionais que conduziam o experimento, partiram para uma sala, utilizando uma máscara com o rosto de adolescente. E o que tinham em comum? Ao serem questionados, responderam todos, o amor pela mesma professora.
A médica descreveu que sua profissão tinha sido ancorada em suas atitudes de cuidado e carinho; o advogado disse ter sido impulsionado pelo senso de justiça e pela apuração do direito, tão presente em suas condutas; a artista, que se intitulou cantora, disse que o tom de voz era uma inspiração que vinha dela; o veterinário dislexo, em lágrimas, disse que a frase da professora maturava em sua cabeça até hoje: “não faça de sua diferença uma indiferença seletiva, você pode mais!” e assim, cada um foi contando sua história, sempre enaltecendo a participação da professora.
A já referida, chorava como se fosse um rio a escoar, tamanha emoção experimentada. E no embalo de tudo que afetava seus sentidos, disse: por vocês eu escolheria ser quem eu sou de novo, a diferença seria, no volume dos abraços. Seria maior...”
O relato virou um vídeo tocante, visto por mais de 3 milhões de pessoas. E o que dizer de tudo isso?
A involução dos conceitos em termos filosóficos, a imposição da necessidade de dinheiro como materializador da felicidade e o desrespeito ao educador, tornaram a profissão uma espécie de indignidade, uma vergonha em potencial, um desvio do caminho da realização.
Ninguém se forma sem o auxílio de um professor! É o professor que inaugura a sensação de êxtase presente na primeira palavra escrita. Que amplia os horizontes, sem carimbar seus limites na testa. Que conhece cada história respeitando o espaço e o processo de cada um.
O professor é o único profissional que traz em seu conceito a sua função, sem prisões e com liberdade de voar mais alto, colar asas quebradas, cortar penas...
Professor é super-herói, Incrível Hulk, Tio Parinhas, Michey Mouse, Mestre dos Magos e muito mais. Vive sob pressão, mas esvazia a lata quando assiste a ascensão do seu aluno.
Enfim, aos que carregam não só livros, mas bagagens e coração, desejo que a poeira abaixe e que vejamos a luz!
Professores são a expressão efetiva de que você cabe no mundo, em qualquer lugar e circunstâncias! Mesmo que no Brasil, a procura por vagas que formem professores, representem um percentual tão baixo. Apenas 3,3 % de adolescentes entre 15 e 18 anos querem ser professores. 
São 2 milhões e 600 mil professores no Brasil, o que representa 1,2 % da população. E destes, 2,200 milhões estão em escolas públicas.
Em São Paulo, 48% já sofreram agressão verbal e 5% violência física.
Quem dera por um descuido, Deus os tornassem eternos... Colocassem-os em redomas de vidro ou virassem ídolos... Mas nem sempre o conhecimento é arma de defesa, por vezes, a ausência é ataque e os professores são vítimas de uma sociedade que despreza o prato que o serviu por tempos. 
Não adianta postar fotinha com o mestre e se omitir quando a Educação é tratada como amante, com um potencial casamento que lhe traria dignidade.
E por falar em dignidade, será que daria pra arrendadas 3,7 para 6? Perguntar não ofende, professor!
 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 15/10/2020
Reeditado em 16/10/2020
Código do texto: T7088422
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