Viajar
Eu pego com as mãos cada pedrinha da estrada, vou saboreando a paisagem com sua salada de muitos verdes e sinto o gosto da terra vermelha pousada nas folhinhas do cerrado.
Desenho na ponta dos dedos os dinossauros, formigas e coelhinhos de algodão que vejo no céu. Sinto o cheiro das nuances ocre do entardecer e emudeço ao brotar o primeiro vagalume na negrura da abóbada infinita.
Os pinguinhos que começam a cair vão escorregando pelo parabrisa formando estradinhas de chuva, cada gotinha aglutinada é um pensamento deserto.
Ao serenar do tempo a lua me dá seu beijo de boa noite, brilhando farta e cristalina, quase me tocando na face cansada e agradecida.
Então chego ao meu destino, que é o aconchego de um lar, meu coração está abarrotado de suprimentos afetivos, agradeço a Deus por cada sensação experimentada e por não permitir que eu esteja alheia ao requinte de Sua obra.