DIA ESQUISITO
Ysolda Cabral 


Nem a chuva, nem o Mar, e nem o Hortelã perfumaram a manhã como de costume. - Nem preciso falar na ausência dos passarinhos... Um silvo, sequer, escutei desde que o Dia de hoje nasceu, e nem quando começou a se vestir de Entardecer, ocasião em que, eles costumam voltar aos ninhos.

Tudo está acontecendo em câmara lenta. O Tempo, que sei passar apressado, hoje passa quase parado, dando pouca importância ao relógio que tenho dentro da minha cabeça, onde seu tiquetaqueado não para nem quando durmo e sonho com o Tempo voltando para um lugar sem dias esquisitos assim.

Dias, sem meio termo. Eles eram bons ou ruins. A sorte é que os ruins logo passavam. Depois compreendi que eram feitos pra gente ter um parâmetro de reconhecimento quanto aos dias bons para saber aproveitá-los com sabedoria.

Mas, um Dia como o de hoje, nem bom e nem ruim, com tiquetaque renitente, até no Tempo, zombando e provocando bocejos em mim; nunca vi igual! - O que devo pensar? Que a Vida se esqueceu de mim, ou foi o contrário que ocorreu? Não sei... Só sei que, para completar este Dia esquisito, eis que me surge, na boca da noite, o canto do grilo.

Corri pelos quatro cantos da casa para pegar de jeito o bicho cantador, e, descobri que ele estava vindo até mim, através que uma conversa de celular, entre minha filha e uma amiga do interior. - Sosseguei.

 
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Praia de Boa Viagem
Em 14.10.2020
Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor.