VERDADE?

Na excelente obra de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida, encontramos o caricato personagem Chicó, que usa o bordão: “Não sei, só sei que foi assim”. Ele conta várias “estórias”, principalmente para o seu amigo João Grilo, que não vê muita veracidade nos “causos” do seu amigo. Atualmente muitas “estórias” nos são enviadas pelas diversas plataformas midiáticas, facebook, whatsapp, instagram, etc., quando perguntamos se as pessoas têm certeza do que postaram e se a fonte é confiável e verdadeira, elas dizem que receberam de um amigo(a). Isso não é resposta apropriada, levando em conta a situação atual. Temos responsabilidades sociais e precisamos ser prudentes diante deste panorama epidêmico.

Infelizmente não passamos por um momento que podemos nos dar o luxo de dizer: “brincadeirinha!”, precisamos trabalhar com a verdade, informar a verdade, disseminar a verdade. A Palavra de Deus diz que “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Somos insensatos no momento que repassamos uma notícia sem referência, sem confirmação da sua veracidade. Estamos apavorados e apavorando. Há a extrema necessidade de se filtrar as informações na situação em que nos encontramos. As pessoas, movidas pelas paixões, tendem significativamente para um lado ou para o outro, ao menor aceno daqueles da sua banda, elas alastram todo o tipo de informação, seja de ódio, seja de medo, seja de rebeldia; seja de esperança ou de falsa esperança. E essa atitude acaba por desequilibrar mais ainda aquele que já é normalmente ansioso; não ajuda, só atrapalha! No momento estamos todos precisando de equilíbrio, equilíbrio emocional, psicológico, social, conjugal, familiar, espiritual. Sejamos racionais, deixando de lado o pavor e o medo. Diz também a Palavra de Deus que “o amor lança fora todo o medo” (1João 4:18). E se amamos o próximo, queremos acalmá-lo, revigorá-lo, aquietá-lo.

Por isso não podemos responder simplesmente: “Não sei, só sei que me repassaram”. Não sejamos retransmissores de inverdades, ou de meias-verdades, que na verdade é uma mentira. É verdade? E se for, é necessário repassar? O que essa notícia vai adicionar de bom a todos nós? Podemos cooperar com a sociedade, ou podemos entravar, confundir, perturbar ainda mais todo o processo encaminhado por aqueles que estão na linha de frente para combater esta pandemia, que lutam incessantemente para normalizar a vida de todos. Já basta não vermos mais os sorrisos estampados em rostos esperançosos, mas agora só vemos olhos indecisos, sem brilho, sem luz e sem paz. Na passagem em um vale, não vamos gritar para que não rolem as pedras sobre nós. Sigamos em equilíbrio, seguros em Deus, o único que pode realmente nos dar esperança!