O QUE É ALMA?
O que é a alma? Defini-la, projeto impossível, seria pretensão descabida e tola. Mas, pode-se dizer, que a alma é irmã do pensamento. Ambos intangíveis, daí o grande enigma. Uma nos levaria ao eterno na promessa da nova aliança, o outro faz a ponte, envolta na rede elétrica de neurônios, atalho imaginário tentado construir para o santuário impenetrável que abraça o anímico, a alma.
Estamos no santuário de portas segredadas, cerradas, aspirado entrar por todos que se entregam a essa árdua e impossível tarefa, sumamente superior às forças humanas, campo de estudo das grandes questões inacessíveis. Vale a corrida frenética de penetrar o menos no tudo do impenetrável.
A corrida que moveu religiosos e filósofos é permanente, faz parte do orgânico núcleo dos pensadores que não se frustram na estrada áspera tanto quanto doce.
A persecutória entrega traz retorno, ainda que insatisfatório. O santuário, ao menos, é “tentado” frequentar. Embora cerradas, bate-se nas portas fortemente.
Mas, elas nunca se abrirão! O desconhecido não desfaz seus véus. Mantem-se indecifrável a desafiar os ansiosos.
Na passagem da matéria poderá se dar o encontro do não revelado à impureza dos sentidos, maculados pelo burburinho dos sonhos materiais, embora pretendidos descartar. Descarte impossível. Somos matéria!
O despojamento tem limites. O anacoreta necessita de proteína ou sucumbe, mesmo os pouquíssimos ditos santos, que viveram praticamente só de água. E os normais em emoções materiais necessitam do jogo do amor.
Viver de fé é sublimar o corpo, a matéria que é a forma do mundo, da natureza. Em sânscrito, a fé, “visvas”, guarda similitude quase gramatical com a ação do verbo viver, dirigindo-se a respirar, energia vital, confiar e estar livre do medo.
Quem está na posse da tranquilidade, onde a respiração faz fluir a vida expressiva, tem a compreensão intuitiva da verdade. É o caminho para penetrar parcialmente na intuição da alma. O santuário, fechado à inteligência, está aberto às indagações que levam à esperança do credo em algo melhor. É a chave para tranquilizar o espírito indômito.