Bullying, como vencer.

Comparando-se com o que ocorre hoje com crianças e adolescentes, principalmente nas escolas, poderia dizer que também sofri bullying, ao deixar a escola rural e ir para a da cidade. Passaram a me chamar pejorativamente de matuto, caipira, capiau e até de baiano da barriga torta. Ora, na época em que nasci, a população rural era o dobro da população urbana. Então, por que aquela discriminação com o camponês, aquele que sempre produziu o alimento para o homem da cidade?

A minha estratégia era não dar ouvidos, ou, como se dizia, "entrar por um ouvido e sair pelo outro". Sabia que a coisa só pega se houver reação, pelo que o agente sabe que a sua provocação está causando efeito. A minha resposta consistia em estudar cada vez mais, para tirar melhores notas do que as dos provacadores, os colegas da cidade. E vinha a ciumeira: "esse capiau tá botando pra quebrar".

Ao começar a trabalhar, também naquele ambiente, quiseram me colocar um apelido, pela minha baixa estatura, 1:60m. Não colou, porque eu não respondia. Só se realmente me chamasse pelo nome. Já me sentia importante por ser xará do Barão de Mauá. Até o Souza também ele tinha.

Assim, até hoje, conclui-se que quanto mais irritado ficamos com a forma de ser tratado, maior a chance de isto vingar. Os fracos se aborrecem, os fortes ignoram as ofensas, assim como as fake-news de hoje.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 10/10/2020
Reeditado em 10/10/2020
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