RUIM COMIGO...
Às vezes fico olhando minha mulher que, num momentinho da tarde, após o almoço, vai e recolhe-se no quarto para uma soneca.
Um justo descanso! afinal, levanta cedo, prepara o café da manhã, apronta-se, sai, vai ao supermercado, faz mil compras - das quais traz algumas, eis que há sempre sacolas que precisam chegar mais cedo que o entregador (que trará, mais tarde, as restantes); e passa na padaria, compra e traz o pão; chega e (naturalmente, depois de ter tomado o seu café) varre a casa, limpa o banheiro, recolhe as roupas sujas e coloca-as em duas ou três etapas na máquina de lavar (são muitas peças); volta-se para o fogão, prepara o almoço para cinco adultos, "rega-bofe" simples, constituído de quatro, cinco ou seis iguarias diferentes (não muitas, portanto; por aí se vê que aqui se vive modestamente); depois mete-se no esfrega-esfrega da limpeza de pratos, talheres e panelas; terminando isto, volta-se para a máquina de lavar roupas, retira as peças já centrifugadas, estende-as, uma a uma, em cabides pendurados em fios de nylon esticados e atravessados no alto duma área ínfima, com pouco sol e atravancada pelo tanque, pela dita máquina, por prateleiras cheias de produtos de limpeza (grande parte colocados debaixo do tanque), vassouras, rodos, esfregões de chão, balde de lixo...
(...)
É! Ela merece a soneca...
(...)
Em seguida, quando levanta do repouso, arruma a cama, passa as roupas lavadas no dia anterior, e lembra-se: tem que ir ao banco, à farmácia!... Apronta-se; sai; volta rápido: foi ao banco, foi à farmácia. Agora vai requentar a comida para o jantar (para quem janta) e preparar o lanche/café da tarde/noite (para quem o prefere; no caso, eu)...
Finalmente, lá pelas tantas, vai fechar as embalagens dos lixos de cozinha e da casa em geral (caixas, papéis, papelões, rasgados, plásticos e mais etecéteras) para colocá-los defronte à casa, pois o lixeiro passa de manhã cedinho.
(...)
Depois de tudo, o banho merecido.
Depois do banho, já recostada na cama, o cuidado com as unhas.
Depois, alguma coisa que interesse na televisão:
...pega o controle remoto,
...sintoniza,
...comenta sobre notícia ou algo visto...
...Cochila!...
...E adormece!
-------------------------------------------------
É, minha querida, você merece descansar!...
Mas, também, não pode reclamar de mim, que sempre ajudo em seus afazeres, embora você não me dê o devido valor! Hoje, por exemplo:
...peguei a vassoura, a pá,
...recolhi algumas casquinhas de pão, dois clipes e um pedacinho de papel amassado que estavam no chão, debaixo da mesa da cozinha,
...e os coloquei no lixo!...
--------------------------------------------------
Você não reclama. Aliás: nunca reclamou. Melhor assim, pois eu lhe diria:
"- Minha querida: ruim comigo, pior semigo!"
----o)(O)(o----
(Para minha mulher, com carinho)
Às vezes fico olhando minha mulher que, num momentinho da tarde, após o almoço, vai e recolhe-se no quarto para uma soneca.
Um justo descanso! afinal, levanta cedo, prepara o café da manhã, apronta-se, sai, vai ao supermercado, faz mil compras - das quais traz algumas, eis que há sempre sacolas que precisam chegar mais cedo que o entregador (que trará, mais tarde, as restantes); e passa na padaria, compra e traz o pão; chega e (naturalmente, depois de ter tomado o seu café) varre a casa, limpa o banheiro, recolhe as roupas sujas e coloca-as em duas ou três etapas na máquina de lavar (são muitas peças); volta-se para o fogão, prepara o almoço para cinco adultos, "rega-bofe" simples, constituído de quatro, cinco ou seis iguarias diferentes (não muitas, portanto; por aí se vê que aqui se vive modestamente); depois mete-se no esfrega-esfrega da limpeza de pratos, talheres e panelas; terminando isto, volta-se para a máquina de lavar roupas, retira as peças já centrifugadas, estende-as, uma a uma, em cabides pendurados em fios de nylon esticados e atravessados no alto duma área ínfima, com pouco sol e atravancada pelo tanque, pela dita máquina, por prateleiras cheias de produtos de limpeza (grande parte colocados debaixo do tanque), vassouras, rodos, esfregões de chão, balde de lixo...
(...)
É! Ela merece a soneca...
(...)
Em seguida, quando levanta do repouso, arruma a cama, passa as roupas lavadas no dia anterior, e lembra-se: tem que ir ao banco, à farmácia!... Apronta-se; sai; volta rápido: foi ao banco, foi à farmácia. Agora vai requentar a comida para o jantar (para quem janta) e preparar o lanche/café da tarde/noite (para quem o prefere; no caso, eu)...
Finalmente, lá pelas tantas, vai fechar as embalagens dos lixos de cozinha e da casa em geral (caixas, papéis, papelões, rasgados, plásticos e mais etecéteras) para colocá-los defronte à casa, pois o lixeiro passa de manhã cedinho.
(...)
Depois de tudo, o banho merecido.
Depois do banho, já recostada na cama, o cuidado com as unhas.
Depois, alguma coisa que interesse na televisão:
...pega o controle remoto,
...sintoniza,
...comenta sobre notícia ou algo visto...
...Cochila!...
...E adormece!
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É, minha querida, você merece descansar!...
Mas, também, não pode reclamar de mim, que sempre ajudo em seus afazeres, embora você não me dê o devido valor! Hoje, por exemplo:
...peguei a vassoura, a pá,
...recolhi algumas casquinhas de pão, dois clipes e um pedacinho de papel amassado que estavam no chão, debaixo da mesa da cozinha,
...e os coloquei no lixo!...
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Você não reclama. Aliás: nunca reclamou. Melhor assim, pois eu lhe diria:
"- Minha querida: ruim comigo, pior semigo!"
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(Para minha mulher, com carinho)