John, de Liverpool - bviw
John chegou aos meus ouvidos acompanhado de três amigos. Tocavam na vitrola da vizinha um som chamado The Beatles. Fomos até lá, dançamos, inventamos passos e de cara escolhi Lucy in the Sky como a mais bonita - inspirada num desenho infantil feito por seu filho Julian, o teor psicodélico era diferente de tudo. Meu nacionalismo canhestro me aconselhou abrir as portas à outra língua. Falar The era o maior desafio. John foi quem deu o pontapé inicial. Criou o protótipo da banda em 1957, e em 1960 se consolidava a definitiva formação. Ele despertou-se para a música ao ouvir Elvis Presley. Muitas vozes marcaram suas letras: a paz, a igualdade, a liberdade, a união. Acabada a banda em 1970, ele continuou a solo, ajudando a universalizar a palavra Love em meio à vigente cultura de guerra. O dinheiro, a fama não o fizeram menos humano - soube ler a alma das pessoas comuns. Conheceu a dor dos desencontros familiares. Foi criado apartado dos pais, e, além de cedo viver o abandono, teve que, em dado momento, decidir entre ficar com a mãe ou com o pai. É autor de uma das músicas mais tristes do rock'n'roll: Mother ...mother you had me, but I never had you.... mother don't go ...father come home". Morreu assassinado por um fã, aos 40 anos, em 1980. Todo astro que muito brilha vive sob o frágil abrigo do perigo, mas não se abdica de partilhar sua luz.