Cumplicidade com as "Fakes"
Aqui para nós brasileiros, residentes mais distantes da linha do equador, outubro é primavera estação das flores e dos amores. Cenário que não reflete a situação de pandemia, que alterou a vida dos terráqueos, nem essa polaridade populista e, abusando do pleonasmo, subdesenvolvida, insana...
Aquele celular, que utilizava como “walkie talkie”, exclusivamente, para comunicação com a consorte (literalmente, sem narcisismos), nessa situação de isolamento, passou a ser o “zap gregário”.
Recebo “zap” de companheiro de época em que estava na ativa, solicitando para divulgar o máximo possível, pois o vídeo deveria chegar às autoridades.
O Vídeo feito por celular, não identificava nem o autor e nem o local do fato denunciado: quatro homens uniformizados de brigadistas de incêndio florestal, um deles portando equipamento com chama e queimando a vegetação seca, do tipo existente no cerrado.
O repórter, não identificado, mostrava e denunciava o aspecto criminoso da ação. Aliás, a notícia não causaria surpresas, visto a quantidade de casos noticiados com essa contradição: de fazerem o contrário que o dever exige para o papel da função pública, privada ou social, que o indivíduo, ou grupo desempenha.
Praticamente, é sabido por todos que se vive polaridade insana objetivada no “zap” pelas tais “fake news”. Não iria agir com a mesma irresponsabilidade de quem me enviou a notícia com toda a pinta de falsa. Não seria cúmplice da covardia e crime do marginal travestido de repórter.
Não poderia dar crédito à informação produzida com a identificação somente dos protagonistas (genérica) e da ação sem identificar o local, a data e o produtor da informação.
Além disso, sobre essa destruição causada pelo fogo todos os anos em nossas chapadas, campos e florestas, já ouvira nos noticiários que os brigadistas, ao perceberem que não tem condições e debelar o incêndio, provavelmente, com base na direção dos ventos e na última linha alcançada pelo fogo, queimam área a certa distância da última linha em chamas.
Essa área é sacrificada à semelhança do “boi de piranhas” nas travessias da boiada pelos rios. Quando as chamas alcançarem essa área, estrategicamente queimada pelos brigadistas, o incêndio poderá ser debelado, pois o fogo não encontrará mais vegetação para queimar, não terá maios condições para se expandir.
Essa polaridade insana e destrutiva em que se encontra mergulhada a sociedade brasileira, com essa prática criminosa de produzir falsas notícias e realizarem grande esforço para sua divulgação, destruíram a credibilidade das informações circulantes pelos meios alternativos.
Eu, que havia investido mais nesse meio fora das grandes mídias, para informar-me, voltei ao modelo tradicional e, confesso que, de maneira geral, em princípio, se a notícia está dentro dessa polaridade, as classifico como falsas e, à semelhança do voto nulo no segundo turno polar, as descarto. A lixeira é o destino.
Essa ausência de cuidados, essa despreocupação com a análise de notícias com tal gravidade, como esta, acusando brigadistas, mesmo que não identificados, de tocarem fogo nas matas, em vez de apagá-lo, quando as divulgo, se caluniosas, mesmo que ainda não exista dispositivo legal, torno-me cúmplice dos autores.