AS EXÉQUIAS DA “LAVAJATO”.
Um velório de tudo que se possa dizer inacreditável ocorre. Fina-se ou pretende-se que se vá a “lavajato”.
Não importa que 90% nada enxerguem, isso favorece os propósitos, afinal estamos no Brasil onde a educação não passa de primeiros passos, e a opinião mesmo formada é capenga na dicção que contraria o mesmo que afirma.
As honras mudas ao morto se sucedem, concentradas por toda uma “lavanderia” do mal. Os bastidores fervilham. Nem os que aparentemente e pessoalmente se achem informados, por primarismo de apreensão, reverberando a crosta do bolo azedo que vai tomando forma se dão conta - nada dele conhecendo, de seus fermentos, pois nada percebem, nem passam próximos do que acontece, falta-lhes estofo, visão mínima de todas as latitudes - e muito menos inferem os alienados absolutos que rumam para algum trabalho encontrado com alguma marmita pobre, no hiato gigante do desemprego que cria raízes faz tempo, não só agora no desastre sanitário.
E se movimenta a economia, pouco, embora acelerada em baixa velocidade com um assistencialismo necessário, que se quer permanente no mercado do voto, nas várias idas e vindas contestadas e censuradas. E o velório prossegue. Muitos estão sendo sepultados, mesmo aqueles que se acham salvos. Calotes nos precatórios e aborto em verbas de educação se externam como possíveis. Resistências oferecidas fazem o recuo.
O Brasil sempre esteve de cabeça para baixo. Assim continua. Foram expulsos os vendilhões do templo faz tanto tempo instalados na pátria da cidadania, os usurpadores de tudo que o tudo necessitava, aflorados com força e evidência pela "lavajato"; mensalões, petrolões, comissionamentos, fóruns do insulto às liberdades, vantagens espúrias habitantes do assalto aos valores.
E preencheram-se as vagas que os ratos agora infestam, como sempre infestaram, com governanças já tecnicamente expulsas, outras investigadas, gestões municipais podres, ladras sob mandados de apreensão e devassas efetivados. E o “plantar bananeiras”, ficar de cabeça para baixo no Brasil continua.
Teatros de altos provimentos de cargos são vistos, cenários e enredos que não mais surpreendem, estamos “cascudos” de tanto presenciar o açoite da coisa pública, que não para de trazer as “novidades” mais extravagantes, com “arrancadas provisionais” e panaceias nunca vistas, com uma nova república onde julgados estariam nas linhas para escolhas, por competência, surpreendentemente alinhados com julgadores, como confessional.
O banho da “lavajato” que vai caminhando em velório homeopático, mas determinado e forte, acena para o “bruxo” de todas as maldades e estuprador de todos os valores, e se submete aos seus desígnios, rogando beneplácitos e anuências esdrúxulas para abrir portas do areópago onde se assentam os intocáveis deuses.
O sumo sacerdote da limpeza foi “fritado”, esvaziado, retirada de sua alçada o órgão neutralizador da lavagem de dinheiro, e após suprimida de sua alçada a segurança pública. Finda sua atuação que trancou e isolou os chefes do que há de pior, volta o cárcere a comandar as organizações criminosas. Mas a grande orquestra quer o golpe final, guindar apadrinhados, novamente, para expor e vencer o mal já expurgado. Uma inversão, um paradoxo, mas a procissão que segue em movimento não se sabe como e em que local vai estacionar.