CHEFES DO TRÁFICO

“Tenha fortaleza de ânimo, para resistir a todos os embates e tempestades do caminho. Não se iluda: mesmo a estrada do bem está cheia de tropeços e dificuldades... Continue, porém! Não dê ouvidos às pedras colocadas pela inveja, pelo ciúme, pela intriga... Marche de cabeça erguida, confiantemente, e vencerá a todos os obstáculos da caminhada. E, se for ferido, lembre-se de que as cicatrizes serão luzes que marcarão a sua vitória. ( Carlos Torres Pastorino).

Queriam as autoridades alguma desculpa rara e delicada, agora temos com a malfadada manchete de que os chefes do tráfico brigam por ‘mercado’ no Ceará. Com a gravidade caem às folhas já diziam os grandes poetas, mas a gravidade aqui tem outra sinonímia e nos causa preocupação. Se a segurança vai mal como afirmam os críticos, é hora do governo arregaçar as mangas e investir maciçamente nesse setor do social humano. Quem sabe, formar uma tropa de elite que atue exclusivamente na área do tráfico que já começa a se disseminar no Ceará, desde as escolas até as universidades. Os políticos devem incentivar os responsáveis pela segurança no Estado e acabar com as mazelas e discussões plúmbeas só para chamar a atenção dos telespectadores neófitos e incautos. Das galáxias ácidas paradas e acetinadas vem o mal em detrimento do bem, mas as autoridades não procuram e nem se interessam em saber onde se formam essas galáxias. As Câmaras estão aí para legislar para o bem do povo e não em proveito próprio. No chão da praça o tempo passa e as crianças estendidas dominadas pelo vício dos solventes e das colas.

Esperam por ações e soluções que não chegam. São seus fiéis escudeiros as drogas. E, não tendo nada para se alimentarem inspiram o ar demoníaco das drogas, que pouco a pouco vão destruindo seus neurônios em fase de crescimento. Daí surge à delinqüência, a inserção na pedofilia, os furtos, roubos e até assassinatos. Movido por uma culpa sem rumo e tremula a criança viciado também tem fome e onde encontrar abrigo para saciar a sede e a fome? Nos canteiros centrais da cidade, pois nenhuma organização assume esse papel caridoso de amparar pequenos seres humanos e idosos sem lar que perambulam pelas ruas centrais da cidade e quiçá da periferia. São essas fraquezas sem providências do governo que os chefes do tráfico inserem suas vis artimanhas no planejamento cruel usando como escudo a miséria, a pobreza e o écran estão aí para todo mundo ver, as favelas, os guetos, as vielas e as zonas de risco das grandes cidades.

Em cada peça. Um pedaço de mim. Em cada passo de vida vem à tristeza de ver a população presa sem poder sair de casa e ter o direito de ir e vir execrados por inteiro. A única solução que encontrar e tornar suas moradias cheias de grandes e cadeados, cercas eletrificadas como se estivesse no próprio presídio. É duro, e não é mole agüentar tanta insensatez. As promessas de campanhas fluem e são empurradas pela barriga e o mais hilário é que aqueles que estão no topo da pirâmide são os verdadeiros egoístas. São os homens de colarinho branco, os que comandam o crime organizado e margeiam as corrupções deletérias e não são punidos. Lamentações - ouvimos todos os dias, mas providências nenhuma. Uma segurança falida, policiais passando fome, ganhando merrecas e os aquartelamentos caindo aos pedaços, armas defasadas, viaturas caindo aos pedaços, uma falta de planejamento, integração entre os órgãos de segurança. São essas e outras deficiências que o governo deve tomar urgentemente, pois se assim não for estamos imantados por uma guerra civil sem tamanho e com muita destruição e derramamento de sangue. Em cada abraço um pedaço de afeto, pois somente o amor e o perdão são os verdadeiros antídotos desse câncer chamado violência.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE